Rede Mandala promove economia solidária para cuidar das pessoas e do planeta
A Rede Paranaense de Economia Solidária Campo-Cidade (Rede Mandala) é formada por empreendimentos econômicos solidários, grupos de trabalho informais de produção, comercialização e prestação de serviços. Além destes, também participam entidades de apoio e fomento à Economia Solidária e os próprios consumidores.
A Rede Mandala agrega cerca de 98 empreendimentos urbanos e organizações do campo que se articulam coletivamente, construindo estratégias de produção, comercialização, logística, atuação política, formações e outras atividades na perspectiva da Economia Solidária.
A atuação em rede é uma forma de viabilizar trabalhos de maior complexidade, facilitar as articulações coletivas e, consequentemente, ampliar os espaços de comercialização. Além disso, o trabalho embasado na união dos trabalhadores aprimora outras questões comerciais, formativas e organizacionais, o que fortalece o Movimento da Economia Solidária.
Segundo um dos coordenadores, o jardineiro e pintor Cassiano Henrique Tenfen, foi na 16ª Jornada de Agroecologia que os participantes conversaram sobre as ideias de reunir diversas iniciativas já existentes. “A Rede Mandala começou em 2017, a partir da proposta de unir empreendimentos que já praticavam a economia solidária em Curitiba e também no estado do Paraná. É uma rede que une o campo e a cidade”, lembra.
Ele conheceu o conceito de economia solidária quando era estudante e ficou muito impressionado com seus princípios. “É um modelo de economia que tem o ser humano no centro. Então, a gente preza por boas condições de trabalho e pela distribuição justa dos ganhos. Não existe a relação patrão-empregado. Ou seja, todos os participantes são donos do empreendimento e tomam as decisões conjuntamente, dividem as responsabilidades e também os ganhos. Dentro dos nossos princípios está a questão do cuidado com o meio ambiente e com o social. É uma forma de fazer economia na qual os trabalhadores têm o protagonismo e lutam por boas condições de trabalho nessa relação, sem exploração e tudo mais”, explica.
A rede Mandala se organiza a partir de grupos de trabalho. Por exemplo, o grupo de comercialização é o responsável por buscar feiras, eventos e meios para comercializar os produtos. Outro é o da formação, que atua para que os integrantes entendam qual é o propósito do movimento por meio de cursos. Há o grupo de comunicação, que divulga eventos nas redes sociais e atua na comunicação interna. O grupo de articulação política responde por relações com outros grupos e políticas no geral, pois há um movimento de economia solidária que se articula por meio de fóruns e conselhos.
“O movimento de economia solidária é importante para a classe trabalhadora, porque luta pelos direitos por trabalho digno. Então é no dia a dia que a gente constrói nossos empreendimentos, seja o pessoal da produção de artesanatos, do campo, na produção dos alimentos, e eu, junto com o meu grupo na prestação de serviços. São diversas as áreas em que a gente está envolvido e em toda área é possível. Em qualquer segmento se pode trabalhar nos moldes da economia solidária”, afirma Tenfen.
Outra integrante da Rede, Rosalba Eliane Gomes Wisnievsky, relata que nunca havia trabalhado fora de casa até conhecer a economia solidária. “Eu faço parte de uma rede de padarias comunitárias, são dezesseis unidades e, em cada uma delas, trabalham de três a cinco mulheres no sistema de autogestão. Dentro da padaria a gente faz cafés e inclusive, às segundas-feiras, temos um “coffee break” para fazer na Universidade Federal do Paraná. Oferecemos produtos caseiros: bolo, pão, salgados, tudo artesanal. Aquilo que você aprendeu com a mãe e a mãe aprendeu com a avó. E podemos passar para frente, você come aquele produto sem ter nenhum medo de que ele esteja contaminado, que ele seja um produto que vai te fazer mal. Por isso também pode vender para as pessoas sem nenhum peso na consciência”, diz.
Ela acredita que a economia solidária leva as pessoas a pensarem mais em si mesmas e principalmente no próximo. “Não é uma economia diferente, mas sim uma maneira diferente de viver o dia a dia, de ver o mundo. Porque pensamos em uma forma de renda justa para todo mundo, para mim, para a pessoa que vai comprar coisas, para quem está trabalhando, para o meio ambiente. Porque a ideia da economia solidária é também preservar o meio ambiente e fazer com que seja para o futuro, a gente pensa assim. Eu tenho 67 anos e penso: será que meus netos, os filhos dos meus netos, terão um meio ambiente saudável para viver? Terão comidas saudáveis?”, questiona.