Edição de março traz luta das mulheres nas batalhas de 2022
Já enraizado no calendário dos movimentos e coletivos sociais da esquerda brasileira, o 8 de março celebra o Dia Internacional das Mulheres, marcado desde 1911, fruto da luta das trabalhadoras socialistas europeias e estadunidenses. No Brasil, historicamente, esse é o mês no qual conseguimos dar maior visibilidade para a situação e luta das mulheres.
A Revista Reconexão Periferias deste mês fala sobre inúmeras violências, físicas, políticas e psicológicas às quais as mulheres são submetidas, que denunciam e caracterizam as desigualdades. E também dá espaço ao protagonismo daquelas que estão lutando para transformar essa situação. Baixe a revista aqui.
O artigo de Lígia Toneto, economista, secretária estadual da juventude do PT SP, afirma que nos últimos anos o ambiente político do país agravou os quadros de violência de raça e de gênero e a crise econômica e social agravou as desigualdades sociais.
Maria Marighella, vereadora de Salvador (BA), em entrevista, afirma que vivemos em tempos nos quais as mulheres, os negros e negras, os LGBTs e indígenas não aguentam mais não serem sujeitos da construção de políticas públicas e querem ser vistos em suas subjetividades. Assim, afirma a parlamentar, nós precisamos inaugurar o tempo em que os sujeitos não sejam apagados, em prol de uma suposta unidade, para inaugurar um novo século de lutas em nosso país.
Em artigo, o coletivo Atinúké, de Porto Alegre (RS), relata o cotidiano do trabalho de base de um movimento de construção de conhecimento e de afeto entre mulheres negras. As autoras do texto, Alessandra dos Santos da Silva, Aline de Moura Rodrigues, Dedy Ricardo e Milena Cassal, contam que, a partir dessa experiência, o coletivo grupo discute a importância da presença de intelectuais negras nos espaços acadêmicos.
A seção Perfil apresenta o coletivo Crochetando Empoderando, que oferece aulas de crochê, defesa pessoal, yoga e assistência jurídica a mulheres periféricas de Serra Grande (BA), criado a partir da experiência de vida de Samaha Monteiro Sampaio Rosa.
Em artigo, Amanda Safi afirma que, em 30 de janeiro de 2022, domingo por volta das 6h, a comunidade do Jardim dos Reis, nas limitações entre os municípios de Francisco Morato e Franco da Rocha, sentiu o chão tremer e viu um deslizamento de terra derrubar e recobrir mais de uma dúzia de casas de seus vizinhos, deixando uma estimativa de 15 mortos e, por consequência estrutural, 120 famílias desabrigadas.
Na sessão Quando novas personagens entram em cena, uma entrevista com Iasmin Roloff, oriunda da agricultura familiar, vereadora de 24 anos, única mulher na Câmara de Canguçu (RS), alvo constante de ataques machistas, mas também de admiração e demonstrações de empatia entre a juventude da cidade. Na entrevista, Iasmin ressalta que a política precisa das mulheres, dos jovens, dos negros e da maior diversidade possível. Segundo a vereadora, quanto mais diversa for a política, mais equidade poderemos trazer para a sociedade.
Ainda tratando do tema das mulheres nos espaços de poder, Beatriz Rodrigues Sanchez, feminista, pós-doutoranda no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e pesquisadora do Núcleo Democracia e Ação Coletiva (NDAC), busca explicar a persistente subrepresentação política das mulheres no Brasil. A pesquisadora elenca e explora três motivos determinantes: o financiamento desigual de campanhas, a ausência de mulheres nos cargos de liderança dos partidos e a violência política de gênero.