Por Alex Minduín*

Quando falamos em Copa do Mundo, longo vem à nossa memória as ruas pintadas, as bandeirinhas  atravessadas pelos fios e postes, as camisas verde e amarela, o churrasco, a cerveja gelada com os amigos, buzinadas de carros e motos e o sorriso sarcástico do brasileiro com o orgulho da  seleção Penta campeã do mundo.

Uma Copa do Mundo paralisa uma nação, são  momentos de plena fraternidade, unidade e fortalecimento do sentimento e sentido de nação, oportunidade de expor a nossa cultura, nossa alegria e  maneiras  de encerrar o mundo.

Todos esperam esse grande momento, os amantes do futebol ou amantes pontuais, tendo motivos variados para tal, as camisas de times do coração são trocadas em muitas das vezes pela camisa canarinho, sendo oficial ou não oficial, o importante é estar com ela, esperando o momento oportuno para vibrar com a atuação da seleção.

Mas nessa Copa está ocorrendo um sentimento distinto, muito aquém daquele vivido à Copa anterior em que nossa seleção deu o grande vexame do 7×1 provocado pela seleção alemã, os mais de 200 milhões de brasileiros, choram a derrota e maneira que a seleção se apresentou. Tal fato ocorreu sobre uma situação estável do país, mesmo diante da crise mundial que assolava os países desenvolvidos e em desenvolvimento, fechamos o ano com a menor taxa de desemprego já registrada entre o período de 2003 e 2014, chegamos no patamar de 4,8% do número de desempregados nas regiões metropolitanas no país, regiões que englobam o estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte,  Salvador e Porto Alegre, um dos melhores momentos que o povo brasileiro viveu. Não há como negar, os índices econômicos falam por si só.

A emancipação do povo brasileiro não foi consenso entre nosso elite  conservadora e detentora do gene escravista e entreguista do patrimônio público brasileiro. Os donos do poder não aceitaram ver em seus espaços, gente que não se parecia com eles, não aceitou ver os carros novos, os jantares em bons restaurantes, a reforma da casa, as viagens  internacionais, a compra da casa própria,  o filho do porteiro e do garçom se transformar em advogado ou médico. Eles não aceitaram: a ousadia de um operário e a coragem de uma mulher, foram um fardo que precisava ser parado a todo custo.

A queda da Presidente Dilma Roussef tinha o simbolismo de demonstrar aos emancipados que ali não era o seu lugar. O Golpe não seria só contra um governo, mas sim, contra um povo que caminhava sorrindo, com sonhos e a esperança de dias cada vez melhores.

Os golpistas foram implacáveis na condução do golpe. A junção entre os párias do Senado, da Câmara dos Deputados, do Judiciário brasileiro e a grande imprensa encabeçada pela Rede Globo de Televisão, culminou na queda de um governo eleito com mais de 54 milhões de votos, culminou na perda dos direitos trabalhistas, na venda do patrimônio público e consequente no aumento do desemprego nas regiões metropolitanas do país, índice que chega a 14% da população. Soma-se a isso o aumento da violência, do encarceramento e a volta de uma boa parte da nação, à pobreza, à fome e à desesperança. O brasileiro, valente na sua essência, pena nas filas para emprego, chora na perda da casa própria ao grande capital. Sim, eles são implacáveis, são cruéis na maneira de pensar e enxergar o povo. O espírito da Copa não teve coragem de se aproximar diante de uma nação triste, sedenta por viver dias áureos, como os vividos nos governos Dilma e Lula.

Tivemos a estreia da seleção do Brasil contra a Suíça nesse final de semana. A torcida, o amor pela seleção sempre serão os mesmo, mas o empate de 1 a 1 contra a Suíça está mais dolorido que o 7 a 1 que tomamos da Alemanha. Os motivos para tal está estampado nas ruas descoloridas de todo território nacional, no dia a dia do brasileiro.

Diante de um governo golpista, encabeçado por Michel Temer e companhia, que dispõem do maior índice de rejeição da história do Brasil. Enquanto isso, o povo sente o impedimento do jogador titular, o maestro e capitão da Nação Brasileira, que seja Luiz Inacio Lula da Silva.

* Alex Minduín é Sociólogo formado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, preside a ANATORG – Associação Nacional das Torcidas Organizadas do Brasil e é Coordenador Nacional do Setorial de Esportes do PT.