"No fim do século XIX, a Europa industrializada era o epicentro daquilo que Max Weber denominou de “desencantamento do mundo”. Práticas religiosas tradicionais vinham sendo desafiadas pelas forças da modernidade, com a Igreja incomodada com o avanço do Iluminismo, ciência e secularismo.

Entretanto, geralmente a famosa citação Weber omite a segunda parte de sua tese – que o mundo estava se encantando também por algo novo. Novos tipos de doutrinas esotéricas, religiosas e fronteiras emergiam como alternativas aparentemente modernas à religião e à ciência tradicional.

Isso incluía a antroposofia (uma variação austro-alemã sobre a doutrina esotérica da teosofia, que combinavam elementos da espiritualidade oriental com cristianismo, filosofia ocidental e ciência natural); ariosofia (uma versão mais explicitamente racialista e eugenista da teosofia), a Teoria do Gelo Mundial (uma teoria “acientífica” que insiste que o gelo é a substância básica por trás de todos os processos tanto cósmicos como geológicos e evolutivos da terra), astrologia e parapsicologia (o estudo dos fenômenos psíquicos e paranormais). Essa tendência incluiu também religiões alternativas, New Age, homeopatia, folclore e um interesse renovado pelo hinduísmo e budismo.

Em seu livro Hitler’s Monsters, Eric Kurlander analisa a específica influência de ideias sobrenaturais que tiveram ascensão e as consequências da ideologia nazista. Ele argumenta que a invocação e apropriação de crenças populares esotéricas, pseudocientíficas e religiosas ajudaram o partido de Adolf Hitler a atrair apoiadores, desumanizar seus inimigos e perseguir suas ambições imperiais e raciais. Porém – como diz o historiador a Ondřej Bělíček –, essas ideias também se enraizaram em um contexto sociopolítico particular – que se reproduz, se não na mesma escala, também em nosso próprio presente."

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