Texto de Berenice Bento para a revista Cult republicado no site Outras Palavras
Ano: 1871. Rio de Janeiro. Deputados federais disputam o destino dos/as filhos/as das mulheres escravizadas. Pela primeira vez na história do Brasil, o Estado pauta o tema da abolição (indireta) da escravidão. A proposta, encaminhada pelo imperador Dom Pedro II, decretava o fim da hereditariedade biológica da condição escrava. As mulheres escravizadas dariam à luz filhos livres. E elas? Continuariam escravizadas. Por meses, os parlamentares disputaram o destino do fruto do ventre das mulheres escravizadas. Um deputado diz: “Se a mulher é escrava, o fruto também o é”. Outro: “Como vamos aceitar em nosso meio uma turba selvagem, sem educação, sem religião?”. Um terceiro completa: “Sabemos, nobres colegas, que a mulher escrava cumpre dupla função, como força de trabalho e como reprodutora”. Leia mais.