A Pública
Frequentar a escola era um pesadelo para Amora. Ser chamada por um nome que não reconhecia, usar um banheiro que não era o seu e receber olhares tortos de colegas interferia no aprendizado da estudante de Sertãozinho, no interior de São Paulo. “Todo esse tempo na escola foi muito difícil por causa do preconceito”, relata Paula Camargo, mãe de Amora. “Eu tentei tornar minha filha invisível, mas não adiantou.” Cedendo aos apelos da filha, em 2019 a enfermeira aposentada a autorizou a utilizar o nome social em sala de aula e passou a mandar Amora usando “roupas de menina” para a escola. “O rendimento mudou completamente. Ela se tornou outra criança”, recorda Paula.
Aos 10 anos, Amora é uma dos 1.737 estudantes travestis e transexuais que adotam oficialmente o nome social nos ensinos fundamental e médio, aponta um levantamento inédito realizado pela Agência Pública por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) junto às secretarias de Educação. A maior parte (74%) frequenta o ensino médio. São Paulo é o estado com o maior número de registros (670), seguido por Paraná (287) e Pernambuco (176).