O DZ (Diretório Zonal) do PT no bairro do Butantã, capital paulista, uniu forças com movimentos sociais, sindicatos, associações de moradores e até mesmo outros partidos políticos e organizou a Frente de Solidariedade e Luta da Zona Oeste.

O lançamento oficial da frente aconteceu no dia 23 de maio, com uma ação de solidariedade de impacto: arrecadação e distribuição de uma tonelada de alimentos orgânicos, milhares de marmitas com distribuição diária ao longo do mês e fornecimento de produtos de higiene pessoal. O movimento é fortemente motivado pela piora das condições de vida da população, causada pela política econômica e agravada pela pandemia.

Os organizadores planejam que esse trabalho não se esgote aí, embora a ação emergencial de ajuda às comunidades carentes seja suficientemente relevante por si só. A ideia é que haja debate político em torno dos temas locais e nacionais e também organização e mobilização para intervir em problemas cotidianos do território.

Já são nove as comunidades cadastradas, cujas lideranças e integrantes compõem a frente e participam das decisões, como por exemplo quais as famílias prioritárias para receber as doações e quais os pontos de distribuição. As lideranças dessas periferias também ajudam a definir os temas dos encontros periódicos que a Frente de Solidariedade e Luta da Zona Oeste tem realizado.

Participam do movimento também integrantes do Psol e do PCdoB, lideranças sindicais e de movimentos sociais. Os DZ’s do PT na Lapa, Perdizes e Pinheiros se somaram ao trabalho. “Desde a época do golpe, essa companheirada progressista da Zona Oeste se uniu pra lutar contra o golpe, contra a reforma trabalhista, contra a reforma previdenciária, se uniu pra lutar contra a prisão do Lula, no vira-voto de 2018, em 2020 no segundo turno pro Boulos. Sempre se uniu, mas pontualmente. A gente percebeu que não podemos nos unir apenas pontualmente, mas precisamos construir uma unidade mais consistente”, explica o bancário Daniel Kenzo, presidente do Diretório do Butantã. A Frente foi então formada em março deste ano.

“Outra coisa importante é que a gente decidiu que essa frente não podia só dialogar com os setores médios da sociedade. A gente tem de envolver na frente também as comunidades e as lideranças comunitárias e o pessoal da periferia para construir junto com a gente”, completa o presidente.

“Com o fim do auxílio emergencial, a situação de miséria se agravou de uma maneira assustadora, sobretudo nas regiões mais periféricas aqui do Butantã. Na região, o bairro onde mais tem desigualdade social é o fundão do Butantã. Quando a gente procurou essas lideranças comunitárias, elas disseram ‘estamos desesperados, a gente precisa socorrer as famílias, elas estão passando fome, precisamos de gêneros de higiene’. Percebemos que não podíamos fazer só uma frente política. Tem de ser uma frente de solidariedade, mas precisa ser ao mesmo tempo uma frente política”.

Créditos: divulgação

A Frente tem incorporado reivindicações do bairro anteriores à pandemia. Na última sexta-feira, dia 11, realizou um ato público diante do Hospital Universitário, da USP, para reivindicar que o equipamento atenda a população em geral. Na ocasião, foi entregue ao conselho gestor do hospital um projeto de iniciativa popular neste sentido.

Outra luta do território é impedir que se concretize intenção do Instituto Butantã de desativar o Centro de Saúde Escola e o ponto de economia solidária, ambos muito tradicionais no bairro e localizados no terreno do instituto.

Kenzo aponta que um dos diferenciais da frente é a participação de todos, em busca de igualdade. “Nas reuniões, todos falam, todos são ouvidos. Caso não haja unanimidade em relação a uma questão, a gente vota. Aqui não tem dono. É uma construção coletiva”, diz. Para encaminhar as tarefas, a frente adotou a divisão por grupos de trabalho. “Difícil é organizar. Além do trabalho, tem a vida pessoal. Mas se cada um fizer um pouco nos grupos de trabalho a gente consegue administrar e não pesa pra ninguém”, explica.

A Frente de Solidariedade e Luta da Zona Oeste pretende, nos próximos dias, abrir uma conta bancária, em nome de uma das associações de moradores que a integram e que possui CNPJ, e formar um quadro estável de doadores. Está construindo parcerias com condomínios do bairro para a instalação de pontos de doação – que agora no inverno incluirão roupas. Um outro ponto de coleta já foi instalado na praça Elis Regina.

“Se a gente quer derrotar o fascismo, a gente tem de ser amplo, tem de falar com a sociedade. E eu não falo da superestrutura, estou falando da base. Tem de pensar como a gente resolve os problemas do cotidiano”, completa Kenzo.

Para saber mais, visite o perfil da Frente no Facebook.