Reinaldo Guimarães, professor do Núcleo de Bioética e Ética Aplicada da UFRJ e Vice-presidente da ABRASCO; Publicado originalmente no site da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco)

"A pandemia de Covid-19 parece estar provocando uma concentração dos tempos e espaços da vida social, no sentido de que o múltiplo e imensamente variado terreno de que a vida das pessoas se ocupa esteja se orientando cada vez mais e já quase exclusivamente a problemas, debates, interrogações, dilemas, etc. relacionados à Covid-19.

Como Franco Berardi sugere em contexto bem mais amplo (o fim das utopias)1, a nossa capacidade de pensar o futuro durante esse pouco mais de ano, escasseia. A complexidade da vida se desloca para a complexidade da pandemia. O exercício de viver subordina-se ao seu enfrentamento, aqui e agora. O debate sobre o devir social está contido no devir pandêmico. Trago essa afirmação para um aspecto bem singular, mas não pouco importante, qual seja a identidade das estratégias para 2022 e para o futuro do nosso sistema público de saúde."