Um trecho do premiado longa-metragem Parasita, do diretor sul-coreano Bong Joon-ho, foi apontado como uma metáfora perfeita de como determinados fenômenos “normais” e naturais, em sociedades bifurcadas em classes, acabam por se tornar dessemelhantes de acordo com estrato social de quem os enfrenta. No filme, uma tempestade inunda o bairro onde vive a família do motorista particular Kim Ki-taek, destruindo sua casa e as dos vizinhos. Todos acabam abrigados em um prédio público. Enquanto isso, em outra parte da cidade, os patrões de Kim Ki-taek assistem ao espetáculo da chuva no sofá da sala, por uma parede de vidro. No dia seguinte à inundação, enquanto Kim dirige, sua patroa, no banco traseiro do carro, arremata ao telefone: “a chuva de ontem foi uma benção.”

A metáfora – efeitos naturais, “neutros”, podem constituir “tragédias” para os pobres enquanto são “bençãos” para os ricos – serve perfeitamente ao mundo pandêmico em que vivemos.

Leia a íntegra do artigo de Pedro Marin na Revista Opera.