Do site De Olho nos Ruralistas

Mais de 70% da população brasileira apresenta algum grau de insegurança alimentar, segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Pennsan). Mas o crescimento da fome, sobretudo no campo, não se deve à falta de comida, e sim à pujança do agronegócio. A conclusão é do agrônomo José Graziano da Silva, ex-diretor da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e diretor do Instituto Fome Zero, lançado em outubro do ano passado.

Em aula magna do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na noite de terça-feira (20), ele lembrou que o Brasil é um grande produtor de alimentos e ressaltou a responsabilidade do setor no aumento da desigualdade:

— Existe um conflito entre a valorização extrema do setor exportador, de commodities, a distribuição de renda local e o acesso dos trabalhadores a uma boa alimentação. A renda do setor exportador, do agronegócio, é extremamente concentrada. Pagam salários aviltantes aos trabalhadores e ficam com a maior parte dos recursos.

Graziano observou que esse setor exportador do país quebrou todos os recordes pandemia, exportando não somente milho, soja e café, mas também produtos que não eram da pauta tradicional, como arroz e feijão. “Dizem que eles trazem dólares, divisas”, afirmou. “Mas para quem exporta; não para o trabalhador”.

De Olho nos Ruralistas fez, há dois anos, um vídeo que mostra o papel do agronegócio na perpetuação da desigualdade.

Assista o vídeo e leia reportagem completa aqui.