Por Ricardo Abramovay, íntegra no site Outras Palavras.

Não é só pelo bom senso, pelo equilíbrio e pela figura de ponderação que Joe Biden se contrapõe ao fanatismo fundamentalista que tanto machucou a sociedade norte-americana com Donald Trump. A inspiração da atual administração norte-americana pode ser resumida a uma expressão que dá sentido às medidas que vêm sendo tomadas desde o primeiro dia de governo, quando os Estados Unidos voltaram ao Acordo de Paris: a economia do cuidado.

Economia do cuidado parece um oximoro, uma contradição nos termos. O que norteia, em princípio, uma economia de mercado pode ser resumido no jargão “amigos, amigos, negócios à parte”. A ideia é que se os mercados funcionarem bem, os agentes econômicos terão interesse em investir e estes investimentos acabarão, por uma espécie de gotejamento (o termo trickle down é usado amplamente em economia) beneficiando a todos. Cortar os impostos dos mais ricos, abolir leis que protegem os trabalhadores e estimular sua atuação individual, tratando-os como se fossem empresários deles mesmos, postular como o fez Ronald Reagan que o governo é o problema e não a solução, decretar que a era do “big government” acabou (Bill Clinton) e denunciar o Estado profundo (o deep State de Trump) — tudo isso deveria desembocar em mais riqueza e prosperidade.

Leia a íntegra aqui.