"Mais de 300 mil mortos numa pandemia que nunca arrefece, uma crise econômica e social que parece não ter fim, um negacionismo esquizofrênico, escândalos e denúncias de corrupção em toda a família e arroubos totalitários. Esses são alguns dos elementos que envolvem o governo de Jair Bolsonaro. Mas, antes de achar que se tem motivos de sobra para interditar esse governo, o professor Rodrigo Nunes sugere que olhemos com mais vagar para compreender o que, apesar de tudo, mantém os Bolsonaros de pé. Um desses elementos de sustentação é justamente o bolsonarismo. “O bolsonarismo não é nem um fenômeno exclusivamente popular, nem exclusivamente de elite, mas que estabelece uma aliança entre classes”, aponta. E completa: “ele deve ser entendido perspectivamente, isto é, seus participantes o veem como coisas diferentes dependendo do ponto de onde olham”.
Segundo Rodrigo Nunes, para aprofundar a reflexão, é preciso compreender o cenário que levou Bolsonaro ao poder. “A ideia central é que estas diferentes tendências sociais já vinham convergindo no mínimo desde 2015, mas é em torno da campanha de Bolsonaro em 2018 que sua identidade política comum se cristaliza”, explica, na entrevista concedida por e-mail ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU. Assim, significa que a maioria que o levou ao Planalto se uniu “menos por quaisquer características pessoais de Bolsonaro do que pelo fato de que a sua candidatura oferecia o espaço ideal para esta convergência naquela conjuntura extremamente singular”.
Leia íntegra entrevista a João Vitor Santos, no IHU Online e Outras Palavras.