As micro e pequenas empresas são estratégicas para o desenvolvimento socioeconômico de muitos países. No Brasil a visão não é essa e não são poucos os pequenos negócios fechados em função das consequências da Covid-19.

Nesta segunda-feira, 5 de abril, o programa Pauta Brasil ouviu especialistas para debater o futuro das micro e pequenas empresas, não só a partir de uma conjuntura pandêmica como a nossa, mas também com as implicações de ter Bolsonaro na Presidência.

Paulo Feldman é professor de economia da USP (FEAUSP), pesquisador da Universidade Fudan na China, foi presidente do Conselho da Pequena Empresa da Fecomercio. Começou relatando que a situação da pequena empresa em todo o mundo é bem diferente do Brasil. Segundo eles, os demais países, com destaque para Alemanha e França, têm preocupação com a existência e manutenção das micro e pequenas, que são apoiadas para “conseguir enfrentar as grandes, com medidas para dar força para pequena”. A formação de consórcio de pequenas empresas é um exemplo de ação possível.

Feldman também apontou os obstáculos futuros, como é a geração de emprego. “No Brasil, a pequena empresa sempre foi geradora de emprego e na pandemia gerou mais”, disse. “Mas nos últimos meses, 10% fecharam. O que o Brasil sempre fez foi dar esmola para as pequenas empresas”, explicou.

O professor defendeu união das pequenas, que poderiam ganhar muito organizadas em consórcios e não existe reserva de mercado para a micro e pequena. “Na Itália não há cadeias de farmácia, por exemplo. Há reserva de mercado para a pequena farmácia, para o pequeno armazém. No Brasil não temos nada nessa linha de apoio. Precisamos de política pública para capacitar a pequena e assim enfrentar as grandes”.

Tita Dias é pequena empresária do ramo da gastronomia, sócia do bar e restaurante Canto Madalena. Participa de grupos de empresários pela sobrevivência do setor, como o SOS Bares e Restaurantes, o Não Deixe Fechar a Conta e o Movimento Gastronomia Viva. Emocionada com mais duas perdas de companheiros pela Covid-19 nesta segunda, falou sobre as dificuldades que num momento de pandemia são muito mais elevadas e críticas.

“O setor da gastronomia movimenta 30% do setor de comércio”, contou Tita, para comprovar a importância para geração de renda e emprego. “Estamos falando de milhões de pessoas e mesmo com números enormes da nossa participação na economia, salta aos olhos que o governo federal teve a crueldade de deixar dinheiro em caixa”, e defendeu a importância do Auxílio Emergencial.

As dificuldades de financiamento e de apoio foram decisivas entre quem conseguiu sobreviver e quem fechou: “continuamos na UTI”, disse Tita Dias lembrando que sem apoio o setor não irá sobreviver à segunda onda, cobrando também do PT “agitação pelas micro e pequenas empresas, muito esquecida das nossas pautas”. Ela também cobrou agilidade na votação de legislação que está parada no Congresso.

Miriam Duailibi é jornalista, escritora, educadora socioambiental e presidente do Instituto Ecoar. Ela concorda que o Brasil tem tratado muito mal as micro e pequenas empresas. “A pandemia vai passar, assim como esse governo, e precisaremos rever nosso conceito de desenvolvimento”, lembrando da revolução 4.0, inteligência artificial, grandes conglomerados

Para Miriam, “haverá abertura de um leque de negócios e meios de produção para os pequenos, a partir das novas tecnologias, com agilidade que as grandes não terão”. A economia solidária, a preocupação com a defesa do meio ambiente, produção sustentável e desperdício de energia são também temas para o setor. “A Europa está indo por esse caminho, da sustentabilidade”, contou.

Feldman encerrou o programa relatando as atividades do atividades do Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas (NAPP) da Fundação Perseu Abramo que está debatendo o tema das micro e pequenas empresas, assim como as recentes manifestações tanto de Lula quanto da FPA sobre a importância deste debate.

 

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Pauta Brasil receberá especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates serão realizado nas segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.

O novo programa substitui o Observa Br, programa que era exibido nas quartas e sextas-feiras, às 21h. Clique aqui e acesse a lista de reprodução com todos os 66 programas.