Resumo traduzido por Tales Almeida Mançano Fernandes.

O limiar da imunidade de rebanho é a proporção de uma população que deve ser imune a uma doença infecciosa, seja por infecção natural ou vacinação de tal forma que, na ausência de medidas preventivas adicionais, novos casos diminuam e o número de reprodução efetiva fique abaixo de 1. Este parâmetro epidemiológico fundamental ainda é desconhecido para a recém-surgida COVID-19, e os modelos matemáticos têm previsto resultados muito diferentes. Estudos populacionais usando testes de anticorpos para inferir infecções cumulativas totais podem fornecer evidências empíricas do nível de imunidade da população em áreas gravemente afetadas. Aqui, mostramos que a transmissão do SARS-CoV2 em Manaus, localizada na Amazônia brasileira, aumentou rapidamente durante março e abril e diminuiu mais lentamente de maio a setembro. Em junho, um mês após o pico epidêmico, 44% da população era soropositiva para SARS-CoV-2, o que equivale a uma incidência cumulativa de 52%, após correção para a taxa de falso-negativo do teste de anticorpos. A soroprevalência caiu em julho e agosto devido ao declínio dos anticorpos. Depois de corrigir isso, estimamos um tamanho final da epidemia de 66%. Embora intervenções não farmacêuticas, além de uma mudança no comportamento da população, possam ter ajudado a limitar a transmissão do SARS-CoV-2 em Manaus, a taxa de infecção excepcionalmente alta sugere que a imunidade de rebanho desempenhou um papel significativo na determinação do tamanho da epidemia.

O artigo completo em inglês pode ser encontrado em: https://doi.org/10.1101/2020.09.16.20194787