Tanto a organização popular quanto o governo movimentaram-se rapidamente, em meados de março, em reação à pandemia de coronavírus que havia chegado na África do Sul. Contudo, o país tem hoje o quinto maior número de casos de Covid-19 no mundo — mais de 420 mil em 24 de julho [N. da T.: 615 mil em 27 de agosto, ainda em quinto lugar] — e o vírus continua a se espalhar, em desafio a um governo frágil, tecnocrata e neoliberal por um lado, e aos movimentos sociais, por outro.
As mudanças de governo na África do Sul parecem ter tomado uma trajetória oposta ao padrão global, seguindo alterações no Antigo Movimento de Libertação [aliança de seis partidos nacionalistas do sul da África], o Congresso Nacional Africano (ANC) [partido de centro-esquerda sul africano] no final de 2017. Esse movimento proporcionou a substituição do regime profundamente corrupto, violador da constituição e incipientemente populista de Jacob Zuma pelo gentil ex-empresário Cyril Ramaphosa, que prometia acabar com a corrupção, restaurar o “bom governo” e atrair investimentos estrangeiros em massa.