Por Henry Campos e Nahuan Gonçalves

A Europa suspeita que a segunda onda já começou e no continente, que determina o desconfinamento em ritmos diferentes, a tendência para o aumento de novos surtos nas últimas semanas tem forçado o adiamento das reaberturas, a imposição de novas quarentenas e a elaboração diária das ‘’listas negras’’ de países para os quais não é recomendado viajar.

O temor de uma segunda onda é particularmente forte entre os médicos, que ‘’não conseguem nem imaginar a ideia de uma segunda onda tão devastadora como a primeira’’, como declarou ao jornal The Guardian, a médica Sarah Gayoso, do Hospital El Escorial, próximo a Madri. Passados cinco meses do drama que se abateu sobre a Espanha e muitas partes da Europa, agora ameaçada por uma segunda onda, “houve muito tempo para uma ampla reflexão”.

De acordo com o Ministro da Saúde da Espanha, existem atualmente 520 focos ativos da doença no país. Diz a dra. Gayoso: "não quero nem pensar numa segunda onda", pois embora "nós tenhamos que fazer tudo o que pudermos, continuamos tão cansados que não sei se teríamos a mesma força de passar por isso mais uma vez. Se houver uma outra onda como aquela, seria uma catástrofe".

Embora as autoridades sanitárias da Espanha e da Alemanha, que experimentam um aumento diário de cerca de mil casos, considerem a situação possível de ser controlada, a inquietação entre os médicos não é pequena. A principal associação médica da Alemanha, Marburger Bund, acredita que o país já se encontra em uma segunda onda, e a responsável pela associação, Susanne Johna, solicita uma investigação "adequada" de como a situação foi gerenciada na primeira metade de 2020. Na quinta-feira, um grupo de vinte especialistas espanhóis escreveu à revista The Lancet, solicitando uma avaliação independente da resposta da Espanha à pandemia, o que, segundo eles, não tem o objetivo de buscar culpados.

Ainda de acordo com os diversos grupos médicos, o que se busca é a revelação mais rápida possível das lições aprendidas. "Agora não pode ser dito que não houve advertências", disse Pablo Cereceda, cirurgião que representa a associação médica Amyts: "Nós tivemos três meses de cessar-fogo e se não fizermos o melhor uso dele, será um desastre".

 

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