Desde que o coronavírus surgiu, Maria Marques, 45, vive com medo. “Tenho medo até de abrir a porta de casa”, diz a pernambucana, que mora com a mãe em Perus, periferia de São Paulo. Afinal, a doença apareceu na TV há alguns meses, ganhou a cidade e logo alcançou seu círculo íntimo. “Perdi amigas jovens, que de repente foram pro hospital e morreram”, diz. “Antes eu dormia mal. Agora não durmo mesmo.” Acostumada a acordar às 5h30 para trabalhar como babá, ela sente falta da rotina, das crianças: teme pela vida delas — e pela sua. “Agora vivo trancada em casa, morrendo de medo.”
Sentimento inerente ao ser humano, o medo tem pé no instinto. “Sem ele, a espécie teria desaparecido, pois os destemidos morrem mais que os medrosos”, diz o psiquiatra Tito Paes de Barros Neto, pesquisador do Instituto de Psiquiatria da USP e autor do livro “Sem Medo de Ter Medo” (Segmento Farma, 2016). Mas quando ele se exacerba, causando sofrimento constante e impactando a vida, dá lugar à ansiedade patológica, à fobia, ao pânico. “O medo leva a um constante estado de alerta, o que afeta o sono e a alimentação, bagunça corpo e mente.”
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