A organização sindical no Brasil está se recuperando apesar de todos os ataques que as centrais e sindicatos vem sofrendo nos últimos anos. A grave crise econômica, a tragédia sanitária provocada pela pandemia no país tem colocado em xeque o discurso neoliberal da saída individual para milhares de trabalhadoras e trabalhadores no Brasil. Estas são algumas conclusões do programa Sindicalismo em tempo de coronavírus desta sexta-feira (19) com os convidados Miguel Torres, presidente nacional da Força Sindical e Vagner Freitas, vice-presidente nacional da CUT (Central Ùnica dos Trabalhadores), com a mediação de Artur Henrique, diretor da Fundação Perseu Abramo e ex-presidente da CUT.
A mobilização das Centrais em Brasília, no início da pandemia, para elevar o valor do auxílio emergencial de R$ 200 proposto pelo governo Bolsonaro para R$ 500 foi destacada pelos dois sindicalistas como exemplo da união e de ação articulada com o Congresso em defesa dos trabalhadores. O resultado foi o auxílio de R$ 600, e que parte da população atribui ao esforço do presidente, que está sendo pago de forma precária para trabalhadores informais em todo o país. "As Centrais estão com o espírito maduro para lutar contra o inimigo comum, há conversa para buscar a união em defesa da vida, da democracia", afirma Torres. "Nós das centrais sindicais e dos partidos de oposição que conseguimos o auxilio emergencial para todos e todas os informais para quem mais precisa, é extremamente importante registrar esse movimento", afirmou Vagner Freitas
A organização coletiva que está na raiz dos sindicatos e das Centrais está ganhando espaço neste quadro de profunda precariedade das relações de trabalho no Brasil, avaliam Freitas e Torres. Para o presidente da Força, o movimento dos entregadores de comida por aplicativos para exigir proteção no trabalho e o pagamento de salário digno é um exemplo dessa mudança de percepção. "Antes eles não queriam saber de sindicato e agora estão vendo a superexploração, e temos de dar apoio ao movimento", explica. Freitas já destaca a reformulação dos sindicatos para atender à maioria dos trabalhadores e trabalhadoras que são informais. "O desmonte do mercado de trabalho foi feito de forma muito profissional pela direita, eles precisavam atacar a estrutura sindical, (com as reformas trabalhista e o fim do imposto sindical) para acabar com a voz do sindicatos e não conseguiram", afirma Freitas.
Para os dois sindicalistas, mesmo com o discurso do empreendedorismo, contra a política, contra os sindicatos, martelado cotidianamente na imprensa, nas igrejas, nos projetos político, que dilui a consciência de classe dos milhares de trabalhadores está sendo colocado em xeque com a pandemia Torres destaca que o governo Bolsonaro está do lado dos patrões, com a criação do superministério da Economia que esvaziou as estruturas da Trabalho, Indústria, Previdência e Planejamento que tinham capacidade para enfrentar a crise da pandemia. Freitas já alerta para a conscientização dos trabalhadores, que ainda veem o sindicato como um canal para resolver questões salariais e renega a política como caminho para a defesa de seus interesses coletivos. "O interesse do trabalhador não é o do patrão.A crise da política vem lá de trás, com a golpe contra a Dilma, as reformas e a eleição deste maluco do Bolsonaro. Direitos foram cortados numa canetada, no Congresso, os trabalhadores foram enganados por uma mídia e por patrões que tinham interesses de aumentar lucros agora estão vendo o resultado", resume.
As ações de solidariedade coletivas promovidas pelos sindicatos no combate à Covid-19 e a organização políticas das centrais afirma Torres mostram que o movimento sindical é fundamental para a democracia. Vagner destaca que este momento de crise que os sindicatos mostrarem que tem que por na conta das pessoas que sem sindicato não tem democracia e que a política deve ser apropriada pelos trabalhadores, com organização coletiva, para ter sua própria representação no Congresso e no governo. "Agora é a hora dos sindicatos mostrarem que tem que por na conta das pessoas que sem sindicato não tem democracia, que nem todos os políticos são iguais, tem os que lutam pelos trabalhadores."
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