No programa do Observatório do Coronavírus desta quarta-feira (27/05) o presidente do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo, ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad conversou com o diretor da FPA e ex-senador Lindbergh Farias sobre projetos alternativos de enfrentamento à crise sanitária e econômica e o papel da oposição ao governo.

As investigações ordenadas pelo STF sobre a máquina de fake news, que resultaram em buscas e apreensões em escritórios e casas de vários aliados de Bolsonaro ontem, foram comentadas por Haddad e Lindbergh. Ao lembrar de todo o processo desde o golpe contra a presidenta Dilma, passando pela prisão de Lula até o segundo turno das eleições de 2018 foi alimentado pelas fake news, Haddad afirmou que as instituições estão começando a reagir. “É lento esse processo de retomada da consciência, eleitor de Bolsonaro pode resistir, mas cada vez mais aumenta o número de pessoas que reconhecem que foram ludibriadas.”

Para Lindbergh, “se a popularidade de Bolsonaro cair a 15%, ele não acaba o mandato, só não sei se por impeachment ou pela cassação da chapa, pela investigação eleitoral no TSE.”

Medidas políticas e econômicas

Haddad destacou, entre as medidas que deveriam ser tomadas, a implantação de uma “sala de crise” e o chamado dos governadores, para estabelecer protocolos, mapear e estabelecer como cada região vai sair da quarentena. “Estamos perdidos hoje neste sentido”, afirma. “Quem está liderando as ações aqui? Nos outros países conseguimos indicar Merkel na Alemanha, Jacinda Arden na Nova Zelândia, Alberto Fernández na Argentina, Aqui temos um presidente que fica tuitando contra o povo.”

Ao abordar as medidas econômicas de Bolsonaro e Paulo Guedes, Lindbergh ressaltou que o projeto deste governo é voltar a cortar gastos depois da pandemia e que não pretende rever o teto de gastos, na contramão de outros países. Haddad lembra que no programa de governo de 2018 havia propostas de reformas bancária para estimular o crédito e a reforma tributária que previa taxação de grandes fortunas “As famílias sairão com menos poupança ou mais dívidas desta crise, elas vão comprar menos, o mundo vai retrair os gastos, os empresários vão aguardar para ver como fica a economia, quem é que vai puxar o cordão da economia? Não significa que o governo vai sair gastando, nosso governo criou reservas cambiais.”

Sobre as ameaças de golpe de Bolsonaro contra a democracia com apoio de militares, Haddad frisou que as Forças Armadas não são monolíticas, que existem visões diferenciadas das crises. “Não devemos ter a perspectiva da corporação dar um golpe, quem quer dar um golpe é o Bolsonaro, as pesquisas mostram isso, o núcleo duro fascista da sociedade fica em 15% a 20% de fascistas, de bolsonaristas no pais, por isso acredito que ele esteja enfraquecido para dar golpe”.

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