Por Fórum Econômico Mundial (WFE sigla em inglês)

A instabilidade econômica e o descontentamento social vão aumentar nos próximos 18 meses a menos que os líderes mundiais, empresas e responsáveis políticos trabalhem em  conjunto para gerir as consequências da pandemia. À medida que as economias reiniciam, há uma
oportunidade para integrar uma maior igualdade social e sustentabilidade nesta recuperação, o que poderá  desencadear uma nova era de prosperidade. Estas são as conclusões do estudo COVID-19 Risks Outlook: A Preliminary Mapping and Its Implications, publicado no dia 19/05.
O relatório, produzido em parceria com a Marsh & McLennan e o Zurich Insurance Group, explora as  perspetivas de cerca de 350 gestores de risco, aos quais foi solicitado que perspetivassem-se os próximos 18 meses, classificando as suas principais preocupações, em termos de probabilidade e de impacto, para o mundo e para as empresas. As consequências económicas imediatas do COVID-19 dominam as percepções  de risco das empresas. Estas vão desde uma recessão prolongada ao enfraquecimento da situação fiscal
das principais economias, passando por restrições mais rigorosas no movimento transfronteiriço de pessoas e bens, até ao colapso dos principais mercados emergentes.

Ao analisar as interconexões entre riscos, o relatório apela a que os líderes ajam no imediato contra uma avalanche de futuros choques sistémicos, tal como a crise climática, a turbulência geopolítica, o aumento da desigualdade, pressão na saúde mental das pessoas, lacunas no governance tecnológico e a contínua pressão nos sistemas de saúde.

A longo-prazo, estes riscos terão sérias e profundas implicações para as sociedades, para o ambiente e para o governance do avanço tecnológico. O que reforça os alertas do Global Risks Report 2020, em que especialistas e decisores mundiais classificaram os riscos ambientais como os cinco principais riscos globais da próxima década, alertando também para as tensões já existentes nos sistemas de saúde.
A última atualização do Global Risks Report apresenta uma fotografia preliminar de riscos familiares, que podem ser amplificados pela crise provocada por esta pandemia e por novas que possam emergir. Dois terços dos respondentes identificaram a “recessão global prolongada” como a grande preocupação para as empresas. Metade (50%) identificou como preocupações cruciais a falência e consolidação da indústria, falha na recuperação das indústrias e interrupção nas cadeias de fornecimento.

Com a rápida digitalização da economia no centro da pandemia, os ataques cibernéticos e fraude de dados são as maiores ameaças – de acordo com metade dos respondentes – enquanto que a quebra das infraestruturas e das redes de IT está também no topo das preocupações. As disrupções geopolíticas e as apertadas restrições no movimento de bens e pessoas constam igualmente do topo da lista de  preocupações. Um segundo relatório, Challenges and Opportunities in the Post-COVID-19 World aproveita a experiência e
as perceções de líderes de opinião, cientistas e investigadores para esboçar um conjunto de oportunidades emergentes que podem contribuir para um mundo mais próspero, igualitário e sustentável.

“Esta crise devastou vidas e meios de subsistência. Despoletou uma crise económica com profundas implicações, trazendo as insuficiências do passado à superfície. Tal como na gestão do efeito imediato da pandemia, agora os líderes têm de trabalhar em conjunto e com todos os sectores da sociedade para  enfrentar os riscos emergentes já conhecidos e construir resiliência contra o desconhecido. Temos uma oportunidade única para aprender com esta crise e começar a fazer as coisas de forma diferente e  reconstruindo melhores economias que sejam mais sustentáveis, resilientes e inclusivas”, refere Saadia  Zahidi, Managing Director, do World Economic Forum.
Peter Giger, Group Chief Risk Officer, do Zurich Insurance Group afirma que “o COVID-19 mostrou-nos que é essencial focarmo-nos nos riscos atuais e as alterações climáticas são um exemplo disso. À medida que reiniciamos as nossas economias, as mudanças dos modelos de trabalho e dos comportamentos ao nível de viagens, deslocações e consumo, apontam para novas formas de atingir um futuro com menos carbono e mais sustentável.”

“Uma vez que o elevado nível de desemprego afeta a confiança no consumo, desigualdade e bem-estar e desafia a eficácia dos sistemas de proteção social, a pandemia vai trazer efeitos a longo-prazo. Com pressões significativas no emprego e na educação – mais de 1,6 mil milhões de estudantes faltaram às aulas durante a pandemia – enfrentamos o risco de mais uma geração perdida. As decisões tomadas agora virão determinar o rumo destes riscos ou oportunidades.”

Para John Doyle, Presidente e CEO, da Marsh, “Ainda antes da crise do COVID-19, as empresas foram confrontadas com um cenário de riscos globais altamente complexo e interconectado. Das ameaças cibernéticas às cadeias de fornecimento e ao bem-estar dos colaboradores, as empresas vão agora repensar nas diversas estruturas das quais dependiam anteriormente. Para criar as condições para uma recuperação mais célere e um futuro mais resiliente, os governos e o sector privado precisam de trabalhar em conjunto e de forma mais eficaz. A par de grandes investimentos para melhorar os sistemas de saúde, infraestruturas e tecnologia, uma das conclusões que podemos retirar desta crise é que as sociedades têm de se tornar mais resilientes e capazes de resistir a uma nova pandemia no futuro e a outros grandes choques.”

Os estudos COVID-19 Risks Outlook: A Preliminary Mapping and Its Implications e Challenges and Opportunities in the Post-COVID-19 World foram desenvolvidos como apoio inestimável do Global Risks Advisory Board do World Economic Forum e beneficiam também da colaboraçã cntínua com os seus parceiros estratégicos Marsh & McLennan e Zurich Insurance Group.