Por Henry Campos e Nahuan Gonçalves

O estudo “Gravidez durante a COVID-19 em Fortaleza, Ceará: percepção materna sobre saúde, expectativas, medo e os cuidados prestados ao filho”, realizado on-line durante o confinamento e coordenado pela professora Márcia Machado, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), conta com a participação de 1.041 mulheres, abrangendo todas as regiões administrativas da capital. A pesquisa utiliza como parâmetros duas escalas sobre saúde mental (SRQ e “Fear of COVID-19”).

Dados iniciais do estudo mostram que 43% das gestantes demonstram medo, ansiedade e transtornos de comportamento, índice alto quando comparado com a média de 25% detectado em pesquisas realizadas em outros períodos, a exemplo da pesquisa de Saúde Materno Infantil no Ceará/UFC.

O estudo, realizado com apoio de lideranças comunitárias e de serviços do Estado e do Município, aponta em dados preliminares que 84,3% sentem desconforto ao pensar na COVID-19; 74,8% sentem-se assustadas ao pensar no Coronavírus; 18,7% não conseguem dormir; 75,3% sentem-se nervosas ao assistir os noticiários da televisão; 49,8% tem chorado mais do que o habitual; 57,9% declaram-se muito tristes ultimamente.

Perguntadas sobre a relação com os filhos nos 15 dias anteriores ao preenchimento do questionário, 335 das 1.041 mulheres, que têm filhos de um a cinco anos, deram informações que para a pesquisadora “são reveladores de alto nível de estresse, já que 18,8% disseram ter batido no filho; 70,8% ter gritado com eles; 20,1% ter “puxado a orelha”, dado tapas ou palmadas.

Informa também a pesquisadora que especialmente as mulheres solteiras ou sem companheiros, dos bairros com mais baixo IDH, as que têm maior número de pessoas morando no domicílio e as que não têm plano de saúde, apresentam os piores indicadores de transtorno mental. As participantes da pesquisa continuarão sendo assistidas durante todo o período da pandemia e, por tempo indeterminado, após o fim da crise sanitária.