Tradução da RFI

A Organização Mundial de Saúdealertou no dia 23/04 através de um comunicado, que não existem provas de que as pessoas que se recuperaram da Covid-19 estejam protegidas contra uma nova infecção. Segundo a organização, os chamados “passaportes imunitários” podem favorecer a propagação da pandemia. Alguns governos levantaram a ideia de distribuir documentos atestando a imunidade das pessoas com base em testes sorológicos, que revelam a presença de anticorpos no sangue. Os “passaportes” possibilitariam tirar populações do confinamento, permitindo o retorno ao trabalho e a retomada da atividade econômica.

Mas a eficácia de uma imunização graças aos anticorpos não foi provada até agora pelas informações científicas disponíveis, o que não justificaria um “passaporte imunitário” ou um “certificado de ausência de risco”, previne a OMS. “As pessoas que acham que estão imunizadas contra uma reinfecção porque tiveram um resultado positivo nos exames poderiam ignorar recomendações de saúde pública. O recurso a este tipo de certificados poderia ter como consequência o aumento de transmissões contínuas”, insiste a organização.

A OMS também afirma que os testes sorológicos utilizados atualmente “precisam de uma validação suplementar para determinar sua precisão e sua fiabilidade”.

Os exames devem permitir diferenciar a resposta imunitária ao novo coronavírus dos anticorpos produzidos durante uma infecção por algum dos seis outros coronavírus humanos conhecidos atualmente. Entre eles, quatro são predominantes e provocam resfriados benignos. Os outros dois são os causadores da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS, sigla em inglês) e da Síndrome Respiratória Aguda Severa (SRAS, sigla em inglês).

As pessoas infectadas por qualquer um desses vírus podem produzir anticorpos que interagem com os anticorpos produzidos em resposta à infecção provocada pelo SARS-CoV-2, por isso é necessário identificá-los, segundo a OMS.

Comunicado da OMS, em inglês: https://www.who.int/news-room/commentaries/detail/immunity-passports-in-the-context-of-covid-19