Movimentos de extrema direita crescem na Polônia e em Portugal, enquanto a França enfrenta mais uma crise de governo. Os episódios refletem o avanço conservador e a tensão institucional que atravessa o continente

A semana foi marcada por sinais de enfraquecimento do centro político na Europa e pela expansão do discurso nacionalista e anti-imigração. De Varsóvia a Lisboa, manifestações e resultados eleitorais revelaram o retorno de pautas reacionárias e a disputa em torno das fronteiras, da economia e da identidade europeia. Enquanto a Polônia se aproxima da retórica de Donald Trump, Portugal vê o crescimento do Chega (partido de extrema direita que conquistou suas primeiras prefeituras)  e o enfraquecimento dos socialistas nas grandes cidades. Na França, Emmanuel Macron tenta conter uma crise que já levou à formação do quarto governo em menos de um ano. O cenário evidencia um movimento comum: a fragmentação dos consensos políticos pós-pandemia e o avanço de lideranças populistas, que buscam capitalizar o descontentamento social e o medo da imigração.

Polônia adere à onda anti-imigração e ecoa slogan de Trump

A semana no mundo: protestos, eleições e instabilidade política na Europa
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O principal partido de oposição da Polônia, o nacional-conservador Lei e Justiça (PiS), realizou no sábado (11/10) uma manifestação em Varsóvia contra o pacto de imigração da União Europeia e o acordo comercial proposto entre o bloco e o Mercosul.

Liderado por Jarosław Kaczyński, o grupo acusou o governo de querer transformar a Polônia em um “protetorado alemão” e pediu a destituição do primeiro-ministro Donald Tusk. 

O evento, intitulado “Chega de imigração ilegal! Chega ao acordo Mercosul!”, reuniu milhares de pessoas na Praça do Castelo, onde bandeiras polonesas se misturaram a algumas norte-americanas e chapéus com a frase “Fazer a Polônia Grande Novamente”, uma adaptação do lema de Donald Trump.

Os organizadores alegaram que o protesto refletia a preocupação com a imigração ilegal e com a entrada de produtos agrícolas sul-americanos no mercado europeu. Apesar do discurso inflamado, dados do Eurostat mostram que a imigração no país diminuiu: a Polônia emitiu 488 mil autorizações de residência em 2024, contra 642 mil em 2023 e 967 mil em 2021, o menor número desde 2014.

Com informações do Euronews

Portugal: socialistas perdem Lisboa e Porto, e Chega conquista primeiras prefeituras


A semana no mundo: protestos, eleições e instabilidade política na Europa
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As eleições municipais em Portugal resultaram em um revés significativo para o Partido Socialista (PS), que perdeu as prefeituras de Lisboa e Porto para o Partido Social Democrata (PSD). O PSD, de centro-direita, venceu em 133 prefeituras, enquanto o PS caiu para 126, perdendo 22 municípios em relação a 2021.

Em Lisboa, Carlos Moedas (PSD) foi reeleito com 40,84% dos votos, à frente de Alexandra Leitão (PS/Livre/BE/PAN), que obteve 34,37%. No Porto, Pedro Duarte (PSD/CDS-PP/IL) venceu com 37,29%, superando Manuel Pizarro (PS), que teve 35,54%.

O partido de extrema direita Chega, liderado por André Ventura, elegeu prefeitos pela primeira vez, conquistando as câmaras de Entroncamento, Albufeira e Santana. Mesmo assim, o Chega obteve apenas três prefeituras e segue atrás do Partido Comunista Português (PCP), que manteve 12 administrações locais.

Com mais de nove milhões de eleitores aptos, a abstenção foi de 40,5%. Em reação aos resultados, o líder do PS/Madeira, Paulo Câfofo, renunciou ao cargo após o partido perder uma das três câmaras que controlava para o Chega.

Com informações da RTP

França forma quarto governo em menos de um ano

A semana no mundo: protestos, eleições e instabilidade política na Europa
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O presidente Emmanuel Macron reconduziu Sébastien Lecornu ao cargo de primeiro-ministro na sexta-feira (10/10), após uma semana de crise política. Lecornu havia assumido e renunciado poucas horas depois, diante da resistência de parte da coalizão conservadora, e agora retorna pressionado a apresentar o orçamento e estabilizar o país.

O novo gabinete, formado no domingo (12/10), conta com 34 ministros, mesclando nomes do campo centrista de Macron, conservadores aliados e novos quadros técnicos. Entre as principais mudanças está Catherine Vautrin, ex-ministra do Trabalho, agora à frente da Defesa.

A recondução de Lecornu provocou reações imediatas. O partido Os Republicanos anunciou a expulsão de seis membros que aceitaram integrar o governo. Nas redes, Marine Le Pen afirmou que apresentará uma moção de censura, e Mathilde Panot, líder da França Insubmissa, alertou que “a censura está chegando”.

A instabilidade política é vista como o maior desafio do segundo mandato de Macron, que tenta reorganizar o centro e conter o avanço da extrema direita.