Tarifaço: Brasil lidera exportações de carne bovina e cresce as de soja para China
Mesmo com sobretaxa de 76,4% sobre a carne bovina, país registrou recorde histórico de exportações em setembro; soja brasileira também ampliou espaço na China com queda das compras americanas

O Brasil segue ampliando sua presença no comércio global de commodities agropecuárias, mesmo em meio ao recrudescimento das barreiras impostas pelos Estados Unidos. No caso da carne bovina, a tarifa norte-americana ao produto brasileiro chega agora a 76,4%, somando a sobretaxa de 50% anunciada em agosto à taxa anterior de 26,4%.
Apesar da medida, o país bateu novo recorde de exportações em setembro, com 314,7 mil toneladas embarcadas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados nesta segunda-feira (6). O resultado representa um aumento de 25,1% em relação a setembro de 2024, consolidando o Brasil como maior exportador mundial de carne bovina.
“Mesmo com as tarifas, os embarques se diversificaram e as empresas ampliaram as vendas para outros destinos”, informou a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
Diversificação de mercados e aumento da demanda
De acordo com a Abiec, as exportações para os Estados Unidos continuam, sustentadas por cortes de maior valor agregado e contratos firmados antes da tarifa. Ao mesmo tempo, os frigoríficos brasileiros ampliaram as vendas para a China, principal compradora da carne nacional, e abriram novos mercados, como o México.
Em julho, o Brasil havia exportado 276,9 mil toneladas, recorde até então; em agosto, com o impacto inicial das tarifas, o volume caiu para 268,6 mil toneladas, mas voltou a crescer em setembro. Especialistas atribuem a recuperação à forte demanda global e à redução da oferta de gado nos Estados Unidos, o que mantém o produto brasileiro competitivo mesmo com tarifas mais altas.
Soja brasileira ocupa espaço deixado pelos EUA na China
No mesmo período, o Brasil consolidou-se como o principal fornecedor de soja para a China, aproveitando a suspensão das compras do grão norte-americano em meio à guerra comercial entre os dois países. Entre janeiro e agosto de 2025, o Brasil exportou 77 milhões de toneladas de soja para o mercado chinês – número recorde, que compensou a queda de quase 80% nas vendas dos EUA, segundo a American Farm Bureau Federation.
A entidade aponta que o redirecionamento das compras chinesas reflete uma estratégia de diversificação de fornecedores, iniciada ainda em 2018, durante a primeira guerra comercial promovida pelo governo Donald Trump.
Além da soja, o impacto se estende a outros produtos agrícolas dos Estados Unidos, como milho, trigo e algodão, cujas exportações à China caíram a zero em 2025.
Com informações da Reuters e da Agência Brasil