Lula em entrevista a Reinaldo Azevedo: “Brasil não está mais de joelhos”
Em entrevista a Reinaldo Azevedo, Lula criticou Donald Trump, defendeu a regulação das redes, anunciou a MP Brasil Soberano e destacou avanços rumo à COP30 na Amazônia

Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na última semana, de mais uma entrevista que reverberou pelo Brasil e pelo mundo, confirmando seu papel de liderança no cenário político global.
A conversa exclusiva foi dada ao jornalista Reinaldo Azevedo, transmitida ao vivo de Brasília pelo programa O É da Coisa, da BandNews FM.
Durante quase uma hora, Lula falou sobre economia, política externa, meio ambiente, democracia e redes sociais, num tom firme, mas também didático, como costuma adotar em entrevistas mais longas.
O encontro ganhou relevância não apenas pela atualidade dos temas, como a resposta brasileira às tarifas impostas pelos Estados Unidos, mas também pelo espaço dado para que o presidente expusesse suas visões de longo prazo.
Lula fez questão de afirmar que o Brasil “não está mais de joelhos” diante das grandes potências e que o governo trabalha com políticas estruturantes que já começam a mostrar resultados concretos, como a geração de empregos formais e a redução da fome.
A entrevista também reforçou o estilo conciliador do presidente, ao mesmo tempo em que mostrou sua disposição em enfrentar debates polêmicos, como a regulação das plataformas digitais.
Para Lula, este é o momento em que o país começa a “colher” os frutos de medidas implementadas desde o início do terceiro mandato, e a conversa acabou servindo como vitrine para esse balanço otimista.
“O Brasil não está mais de joelhos. Estamos colhendo os frutos do nosso trabalho, com empregos, renda e justiça social”, afirmou Lula
Críticas a Donald Trump e defesa da relação histórica
Um dos trechos mais contundentes da entrevista ocorreu quando Lula foi questionado sobre Donald Trump.
O presidente brasileiro não poupou críticas à postura do norte-americano, mas destacou a importância de preservar a relação histórica entre os dois países.
“O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem ‘complexo de superioridade’ em relação a outros líderes mundiais e ‘acha que pode tudo”, comentou o presidente.
“Ele se comporta como se tivesse sido eleito ‘imperador do mundo’, mas o mandato dele tem prazo de validade. É preciso ter cuidado para que atitudes desse tipo não prejudiquem uma relação que vem de muito longe, desde nossa independência”, afirmou.
MP Brasil Soberano e o tarifaço americano
Lula anunciou a assinatura da Medida Provisória Brasil Soberano, que cria uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para empresas atingidas pelo tarifaço americano, com sobretaxa de 50% sobre exportações brasileiras.
Para pequenas empresas, o governo adotará a estratégia de compras governamentais, especialmente de gêneros alimentícios, para inclusão em programas sociais.
“Ninguém vai ficar desamparado neste país por causa das medidas tomadas pelo presidente Trump. Vamos cuidar dos trabalhadores dessas empresas e procurar outros mercados para elas”, garantiu Lula.
Justiça ambiental e a COP30 em Belém
Outro ponto de destaque foi a defesa de uma nova proposta para financiar a preservação das florestas tropicais. Lula mencionou a criação do TFFF, mecanismo que será apresentado durante a COP30, em Belém, para cobrar dos países ricos uma tarifa pelos serviços ambientais prestados por nações como Brasil, Indonésia e Congo.
“Vamos propor a criação de uma tarifa paga pelos países ricos, para pagar as florestas que ficarem em pé… Eu quero saber qual o chefe de Estado que acredita nos cientistas ou não”, questionou.
Urgência da regulação das redes sociais
Lula também falou sobre o projeto de lei que o governo prepara para regulamentar plataformas digitais no Brasil. Segundo ele, a liberdade de expressão deve conviver com responsabilidade e não pode ser confundida com disseminação de ódio ou mentiras.
“Liberdade de expressão não é você execrar a vida dos outros, não é mentir, não é fazer provocação ou propaganda do ódio. Liberdade de expressão é a coisa mais sagrada… As pessoas sabem que para a existência da democracia é preciso ter regulação do comportamento de todos.”
A colheita de avanços sociais e econômicos
Em tom otimista, Lula citou indicadores positivos alcançados em 2025, como o recorde no financiamento agrícola, a retomada do turismo, a expansão das exportações e o fortalecimento do Fundo Amazônia. Também ressaltou os avanços sociais:
“As coisas já estão acontecendo. O financiamento agrícola é recorde, o fluxo de turistas é recorde, o fundo da Amazônia é o maior desde a criação dele… É tudo recorde.”
O presidente lembrou ainda que o Brasil registra a menor taxa de desemprego desde 2012, com 1,2 milhão de novas vagas com carteira assinada na primeira metade do ano, mais de 80% destinadas a pessoas do Cadastro Único.
Além disso, mais de um milhão de famílias deixaram o Bolsa Família em julho devido ao aumento de renda, e o Brasil voltou a sair do Mapa da Fome da ONU.