Brasil sedia Cúpula dos BRICS no Rio de Janeiro; saiba quais foram os destaques
Países discutiram política internacional, IA, transição energética, combate à pobreza entre outros temas

A 17ª edição da Cúpula dos BRICS, articulação de países emergentes, ocorreu entre os dias 4 e 7 de julho na cidade do Rio de Janeiro, com a participação de chefes de Estado e representantes de 21 países, que debateram a conjuntura econômica e política no contexto do chamado Sul Global.
Além dos países fundadores (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), fazem parte do bloco Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Outros 10 países são parceiros e enviaram representações. O Brasil assumiu a presidência dos BRICS em janeiro deste ano.
Com realização no Museu de Arte Moderna, o evento teve como carta final, divulgada no domingo (6), a “Declaração do Rio de Janeiro”, que trouxe uma série de pontos de acordo entre os países. Em destaque está a recomendação de uma reforma ampla da ONU, a Organização das Nações Unidas, o repúdio aos ataques contra o Irã e a adoção da solução de dois estados para a questão Palestina.
A importância do multilateralismo econômico foi salientada no teor das discussões e apareceu como posição final do encontro. “Expressamos sérias preocupações com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio e são inconsistentes com as regras da Organização Mundial do Comércio”, diz item do documento.
Questões tecnológicas, como os rumos da Inteligência Artificial, o avanço na integração entre ciência e questões sobre segurança cibernética também apareceram. Foi anunciado um projeto de criação de um laboratório de Inteligência Artificial, com foco na agricultura familiar, por meio de uma parceria entre o Instituto Nacional do Semiárido (INSA) e a Universidade Agrícola da China.
Ainda em destaque, outros pontos como o fortalecimento de parcerias para o combate à pobreza, a eliminação de uma série de doenças relacionadas às questões sociais, com estímulo à vacinação. E o compromisso e apoio a uma transição ecológica justa e o compromisso com o fundo Tropical Forests Forever para a preservação de florestas tropicais, além da indicação de que os países ricos devem cumprir suas obrigações sobre suas emissões acumuladas.
Reação de Trump ao encontro
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ainda no domingo (6) que vai impor uma tarifa adicional de 10% a “qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do Brics”. A medida foi anunciada por meio de sua conta na rede social Truth Social. Além disso, Trump também deu declarações em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os principais países do bloco como Rússia, China e África do Sul responderam ao presidente norte-americano. O Brasil também se manifestou por meio de declarações de Lula em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (7).
“Eu não acho uma coisa muito responsável e séria um presidente da República de um país do tamanho dos EUA ficar ameaçando o mundo através da internet. Não é correto. Ele precisa saber que o mundo mudou. Não queremos imperador”, disse Lula.
“Somos países soberanos. Se ele achar que ele pode taxar, os países têm o direito de taxar também. Existe a lei da reciprocidade […] As pessoas precisam aprender que respeito é muito bom. A gente gosta de dar e gosta de receber, e é preciso que as pessoas leiam o significado da palavra soberania. Cada país é dono do seu nariz”, afirmou o presidente brasileiro.