Novo presidente do PT, eleito em um PED com mais de 400 mil votantes, Edinho Silva afirma que reeleger Lula em 2026 é prioridade e promete liderar com diálogo, presença nacional e unidade partidária

Edinho Silva assume presidência do PT com recado à militância: “Reeleger Lula em 2026 é derrotar o fascismo”


Ao ser confirmado como novo presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, em Brasília, Edinho Silva fez um discurso marcado por agradecimentos, defesa da democracia do país nos processos do PT e o anúncio da prioridade política que orientará sua gestão: a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2026. Em fala emocionada e firme, Edinho reafirmou sua disposição em liderar um partido plural, democrático e comprometido com o enfrentamento das forças conservadoras que ainda ameaçam a democracia brasileira.

“Reeleger Lula é construir um Brasil sem privilégios, com igualdade de oportunidades para todos os brasileiros e todas as brasileiras. Um país justo. E justiça é incompatível com qualquer forma de privilégio”, afirmou. A fala sintetiza o espírito da nova direção, que pretende consolidar o PT como força de organização nacional diante de um cenário de acirrada polarização política.

Presidência com diálogo e presença

Ao assumir a direção do partido, Edinho reafirmou que será presidente de todos os grupos internos. “Meu trabalho será diário pela unificação do nosso partido, na complexidade que significa a unidade do PT”, declarou. Ele ressaltou que divergências fazem parte da cultura política petista, mas que a coesão partidária será essencial diante dos desafios que se impõem. “Unidade no PT não significa ausência de debates, nem supressão de divergências, e é natural que essas diferenças, por vezes, aflorem.”

O novo presidente também reforçou que pretende manter uma gestão próxima da base: “Serei um presidente que percorrerá o Brasil, que estará presente em nossos diretórios estaduais, que dialogará com os movimentos sociais e com todas as forças políticas comprometidas com a construção de um país mais justo.”

O maior desafio: 2026

Em sua fala, Edinho fez questão de situar a conjuntura política em um contexto mais amplo, alertando para o avanço da extrema direita no Brasil e no mundo. “Será a garantia de que a democracia prevalecerá sobre o avanço do autoritarismo, infelizmente presente em setores chave da política brasileira, inclusive em correntes de inspiração fascista.”

O discurso destacou ainda o papel histórico do PT como principal instrumento de transformação social do país, e que a vitória de Lula em 2026 não será um resultado automático. “Tenho plena consciência da dimensão dessa missão e do que ela exigirá de mim. Mas declaro publicamente: estou disposto, motivado e pronto para o diálogo incessante que nos levará à vitória em 2026.”

Justiça tributária 

Edinho também destacou que uma das bandeiras de sua gestão será a justiça tributária, além de ampliar a atuação do Partido dos Trabalhadores direto na base. “Quando se estabelece uma desoneração ad eternum, está penalizando quem compra o pãozinho, o arroz, o quilo do feijão. O Brasil só será justo quando a gente acabar com o privilégio e reduzir a desigualdade. E isso só será feito com a reeleição do presidente Lula… O PT tem que revigorar bandeiras históricas. Mais do que nunca o orçamento participativo é atual, os conselhos. O PT tem que entender que tem conselho municipal de saúde, de educação, de segurança alimentar, da diversidade e de combate ao racismo, conselho de cultura, esporte. Não podemos abrir mão de fazer a disputa das políticas públicas. Não pode abrir mão da luta pela universalização da educação integral, da segurança alimentar”, disse.

Fim da escala 6X1

Edinho destacou que o PT deve se voltar para pautas de grande importância para os trabalhadores, como o fim da exaustiva jornada 6X1, que penaliza os trabalhadores mais pobres e a adesão ao transporte público gratuito, que deve nortear as políticas públicas. “O PT tem que ser enfático com a redução da jornada do trabalho, fim da escala 6X1. Tem que ser enfático com um dos maiores problemas hoje que é o transporte público, que não é gratuito. Esse é o problema grave das cidades brasileiras. Temos que discutir uma forma de custear, pois se não for assim, nós não estaremos construindo uma sociedade justa e igualitária”, afirmou.

Processo democrático e confiança da militância

Edinho agradeceu nominalmente aos adversários internos que participaram do Processo de Eleição Direta (PED), como Rui Falcão, Romênio Pereira e Valter Pomar, e exaltou a maturidade da militância petista. Ao lembrar que percorreu 22 estados durante a campanha interna, reforçou seu compromisso com o diálogo com todas as correntes do partido. Em Minas Gerais, extraordinariamente, o PED acontecerá no próximo final de semana. 

Ele também prestou homenagem ao presidente Lula: “Quero também aqui fazer um agradecimento público à confiança do presidente Lula, e afirmar que me empenharei todos os dias para honrar essa confiança.”

Edinho encerrou sua fala com emoção ao celebrar o vigor da democracia partidária do PT: “É importante destacar, com todo respeito aos demais partidos brasileiros, que nenhuma outra agremiação, até este momento, seria capaz de realizar um processo eleitoral interno que mobilizasse mais de 400 mil filiados.”

Com esse tom conciliador e combativo, Edinho assume a liderança da legenda com a missão de consolidar a base partidária e liderar a estratégia que garantirá, em suas palavras, “a continuidade do projeto de reconstrução nacional iniciado em 2023”.