“Pedi socorro ao presidente e fui ouvida”: Moinho conquista moradia digna com apoio do governo federal
Governo Lula garante R$ 250 mil por família na favela do Moinho; moradores comemoram vitória e fim da ameaça de despejo

Foi em clima de celebração e alívio que a favela do Moinho, no centro de São Paulo, recebeu na última quinta-feira (26/6) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A visita marcou a assinatura de um acordo entre o governo federal e o governo do Estado de São Paulo para garantir moradia definitiva a cerca de 900 famílias que vivem na ocupação. Lula caminhou pelas vielas, entrou na casa de uma das moradoras e visitou a creche da comunidade.
Acompanhado por ministros e pelo presidente da Caixa, o presidente ouviu relatos, agradecimentos e reafirmou o compromisso com uma política habitacional que respeite a dignidade de quem vive nas periferias. Para ele, o momento é de justiça.
“Na cabeça de muita gente da elite, pobres e pessoas que moram em favelas são considerados bandidos. Eles não tratam vocês como homens e mulheres trabalhadoras, que querem ter o direito de ser felizes, construir família, morar bem, trabalhar, ter uma casa razoável para morar e viver com a cabeça erguida”, disse.
Repressão e resistência
Durante o evento, a líder comunitária Flávia da Silva, da Associação dos Moradores, relembrou episódios de violência ocorridos em abril, quando o governo estadual tentou executar uma reintegração de posse na área.
“A Sexta-Feira Santa foi de terror. A polícia enviada por Tarcísio não veio para dialogar, e sim agredir. Moradores feridos com balas de borracha, crianças na creche tomando bombas, idosos sendo atropelados. Foi uma vergonha.”
Ela agradeceu ao presidente e aos aliados pela intervenção: “Hoje ficará marcado como o dia em que recebemos a visita do presidente da República aqui no Moinho.”
Gabriela Fernandes Paula, outra moradora, também narrou sua trajetória até a comunidade, após perder a casa quando o marido ficou desempregado. Ela participou da resistência contra a reintegração e celebrou a nova proposta de habitação. “Na proposta anterior, a gente ia pagar por 30 anos. Agora, vou poder escolher onde morar e essa casa será do meu filho no futuro.”

Subsídio sem financiamento
A portaria assinada durante a visita garante que cada família com renda de até R$ 4.700 receberá R$ 250 mil para compra de um imóvel. O valor será dividido entre o governo federal, que entra com R$ 180 mil por meio do programa Minha Casa Minha Vida, e o governo paulista, que aporta R$ 70 mil, sem que os moradores assumam dívidas ou financiamentos. Enquanto aguardam a mudança, receberão aluguel social de R$ 1.200.
A ministra Esther Duek detalhou que o terreno ocupado, de propriedade da União, será cedido ao Estado para a criação de um parque, e que a saída das famílias se dará de forma voluntária e respeitosa. “As casas permanecerão de pé até que todos tenham saído. Ninguém será removido à força.”
O ministro Jader Filho informou que uma lista com os nomes das famílias contempladas será publicada em breve. Em seguida, a Caixa Econômica Federal fará o atendimento individual, permitindo que cada família escolha onde deseja comprar o imóvel, em qualquer município do estado de São Paulo ou da capital.