Integrantes do governo Bolsonaro estiveram em audiência com o ministro Alexandre de Moraes para bater as versões de fatos envolvendo a trama golpista

Mauro Cid e Braga Neto participam de acareação no STF
Bruno Spada/Câmara dos Deputados/Tânia Rêgo/Agência Brasil

Nesta terça-feira (24), o general Walter Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), participaram de acareação no STF, o Supremo Tribunal Federal. A condução da audiência foi do ministro Alexandre de Moraes. 

O principal ponto de esclarecimento foi a suposta entrega de dinheiro vivo de Braga Netto a Cid. Segundo a denúncia, o recurso financeiro foi utilizado para ações golpistas de militares em 2022, e teria sido entregue a um militar que iria executar o plano de prisão e assassinato do ministro Moraes. 

Braga Neto e Mauro Cid são réus na ação que apura a participação do chamado “núcleo crucial” da organização criminosa acusada de tramar um golpe de Estado no país. Cid tem um acordo de colaboração premiada fechado com a Polícia Federal. 

Braga Netto é amigo do pai de Cid desde a década de 1970, quando se conheceram na Academia Militar das Agulhas Negras e foram contemporâneos no Alto Comando do Exército.

O clima foi considerado tenso nas duas horas de audiência. Não houve gravação em vídeo, apenas o registro por escrito, em uma ata, que apontou que os dois mantiveram versões diferentes sobre os episódios citados na delação premiada.

A defesa de Bolsonaro criticou Cid e elogiou o general. “Contradições são o que ele apresenta cotidianamente”, disse Celso Vilardi, o advogado do ex-presidente. “Ele não consegue sanar [as contradições]. Quando aperta, ele não lembra”, comentou.

A audiência foi solicitada por Braga Netto, que está preso desde dezembro. Além de Cid e Braga Netto, uma segunda acareação será feita entre o réu Anderson Torres (ex-ministro da Justiça) e Marco Antônio Freire Gomes (ex-chefe do Exército), testemunha do processo. As sessões serão fechadas à imprensa, sem transmissão.

Braga Netto, que está preso em uma unidade militar no Rio de Janeiro, e viajou à Brasília para a acareação com Cid. Agora, retorna ao Rio, onde permanece preso.