A semana no mundo: acordo pós-Brexit, reviravolta na Romênia e eleições em Portugal
De Londres a Bucareste, os ventos políticos mudam na Europa enquanto Portugal dá vitória à centro-direita

Cúpula em Londres reúne União Europeia e Reino Unido em nova parceria pós Brexit
Realizada em Londres, a Cúpula reuniu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, abrindo caminho para novos acordos entre Reino Unido e União Europeia
Quase nove anos após votar pela saída do bloco, o Reino Unido – segundo maior investidor em defesa da Europa – passará a participar de projetos conjuntos de aquisição de armamentos, chamados de Segurança e Defesa. As partes também facilitarão a entrada de alimentos britânicos no mercado europeu e a circulação de turistas, além de assinarem um novo acordo pesqueiro, considerado o ponto mais polêmico da pauta.
A política de impostos de Trump acelerou a urgência de a Europa se proteger, com os governos globais reavaliando alianças comerciais e de segurança – aproximando o primeiro-ministro britânico Keir Starmer do francês Emmanuel Macron e de outros líderes europeus.
Starmer, que defendeu a permanência na UE no referendo do Brexit, também aposta em benefícios como o acesso a portões eletrônicos rápidos em aeroportos europeus para cidadãos britânicos, removendo a principal barreira de acesso entre os territórios.
O encontro entre a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, António Costa e o primeiro ministro do Reino Unido, Keir Starmer aconteceu na Cúpula EU-RU, na que o acordo marca “uma nova era em nossa relação”.
Objetivos e Principais Pontos do Acordo
O acordo entre o Reino Unido e a União Europeia visa aumentar a prosperidade em ambas as margens do Canal da Mancha e intensificar os esforços no combate às mudanças climáticas. Entre os principais pontos estão o setor pesqueiro, que garantirá acesso recíproco às zonas de pesca até 2038, assegurando previsibilidade para comunidades e empresas, e o comércio de aço, que manterá a livre circulação de produtos siderúrgicos sem tarifas.
Outro destaque é o acordo sanitário (SPS), em negociação para reduzir a burocracia e permitir a circulação de produtos animais e vegetais sem inspeções físicas. Na área de energia e clima, discutem-se a integração do Reino Unido ao mercado elétrico europeu, a interligação dos sistemas de comércio de emissões e uma possível isenção recíproca nas taxas de carbono fronteiriça (CBAM).
(Com informações da Comissão Europeia)
Romênia encerra crise política com vitória histórica de prefeito independente pró-Ocidente
A Romênia virou uma página decisiva em sua história política neste domingo, quando Nicușor Dan, o prefeito independente de Bucareste, conquistou a presidência com 53,6% dos votos no segundo turno. Sua vitória sobre o candidato de extrema-direita George Simion (46,4%) não apenas encerra uma crise política prolongada, mas também sinaliza uma clara opção do país pelo alinhamento ocidental em um momento crucial para a região.

O resultado representa uma guinada dramática no cenário político romeno. Dan, um engenheiro sem filiação partidária, conseguiu o que parecia impossível: derrotar todo o establishment político com uma campanha centrada em reformas e no combate à corrupção. O ex-presidente Traian Băsescu resumiu o pleito como “a escolha definitiva da Romênia entre o Ocidente e o Oriente” – um referendo não declarado sobre o posicionamento geopolítico do país.
A eleição ocorreu em paralelo ao primeiro turno das presidenciais polonesas, criando um raro momento de sincronia política na Europa Central. Enquanto os romenos optavam por um independente reformista, os poloneses davam vantagem ao liberal Rafał Trzaskowski, prefeito de Varsóvia, sobre o candidato conservador apoiado pelo partido Lei e Justiça.
Com participação recorde de eleitores – cerca de 6 milhões de romenos foram às urnas -, o pleito assumiu contornos de um verdadeiro plebiscito sobre o futuro do país no tabuleiro geopolítico europeu. A vitória de Dan trouxe alívio imediato aos aliados ocidentais, especialmente à Ucrânia e à Moldávia, que veem na Romênia um parceiro estratégico crucial dentro da OTAN.
A dupla votação na Romênia e Polônia expressa o clima político na região. Os resultados podem significar um possível recuo da onda nacionalista que marcou a última década na Europa Central, ao mesmo tempo em que reafirma o compromisso desses países com a arquitetura de segurança ocidental. Para a Romênia em particular, a eleição de Dan representa não apenas o fim de uma crise política, mas o início de um novo capítulo em sua trajetória pós-comunista.

Portugal: Direita vence eleições antecipadas
A Aliança Democrática (AD), coligação formada pelo Partido Social Democrata (PSD) e pelo CDS – Partido Popular, venceu as eleições legislativas antecipadas em Portugal com 32,7% dos votos, reforçando a sua posição política e mantendo Luís Montenegro no cargo de primeiro-ministro.
O Partido Socialista (PS), que, apesar de ter conquistado o mesmo número de deputados (58) que o Chega, viu o partido de extrema-direita consolidar-se como uma força disruptiva no cenário político. O Chega, liderado por André Ventura e com um discurso marcadamente anti-imigração, obteve menos votos totais que os socialistas, mantendo-se, por enquanto, na terceira posição.
Ainda estão sendo apurados os votos da diáspora portuguesa, que poderão influenciar a distribuição final de mandatos. A abstenção ficou em 37,7%, mantendo-se num patamar elevado.
O primeiro-ministro Luís Montenegro, cuja coligação obteve o maior número de assentos parlamentares, afirmou que o resultado representou um voto de confiança em sua liderança, noticiou a Reuters. No entanto, com a contagem de votos do exterior ainda em andamento, o Chega pode superar o Partido Socialista, de centro-esquerda, e encerrar décadas de hegemonia bipartidária em Portugal.
O partido conquistou oito cadeiras adicionais, totalizando 58 no Parlamento de 230 assentos, com um recorde de 1,34 milhão de votos (22,6%). Enquanto isso, a AD, de Montenegro, obteve 89 cadeiras (um avanço de nove em relação à última eleição) e 32,1% dos votos. O primeiro-ministro reafirmou sua recusa em negociar com o Chega e anunciou a formação de um novo governo minoritário.
Alinhado a agremiações europeias anti-imigração, como o Reagrupamento Nacional (França) e o AfD (Alemanha), o Chega defende penas mais severas para criminosos, incluindo castração química para estupradores reincidentes, e o fim da política de imigração sem restrições.
Com informações do DW e Reuters