Número de jovens sem trabalho ou estudo diminuiu 5,8% em 2023; porém, 10,3 milhões de brasileiros seguem nessa situação, especialmente os mais pobres e as mulheres pretas e pardas

Jovens sem trabalho e estudo atingem menor nível histórico
Ricardo Giusti – PMPA

Em 2023, o Brasil viu uma diminuição significativa no número de jovens nem-nem, aqueles que têm 15 e 29 anos e não estudam nem trabalham. Segundo o estudo Síntese de Indicadores Sociais 2024, divulgado pelo IBGE na quarta-feira (4), a taxa de pessoas nessa situação caiu para 21,2%, representando 10,3 milhões de brasileiros. Em 2022, o percentual era de 22,3%, ou 663 mil pessoas a mais. Na comparação dos dois anos, trata-se de uma queda de 5,8%.

Esse é o menor valor para a série histórica, iniciada em 2012. Mas ainda se trata de um valor alto, pois é uma realidade que afeta quase ⅕ dos jovens no país, especialmente os originários de famílias pobres e as mulheres negras. No entanto, os dados do IBGE apontam uma melhora significativa em relação aos picos negativos observados entre 2016 e 2020, quando a taxa de nem-nem atingiu 28%, reflexo da recessão econômica, da pandemia e dos desgovernos Temer e Bolsonaro, que negligenciaram as camadas mais vulneráveis. 

Os números refletem tanto a retomada do mercado de trabalho quanto o aumento da inserção escolar, iniciados com o retorno de Lula ao poder. Porém, é importante registrar que a diminuição dos nem-nem também foi influenciada pela redução da população jovem no país, o que altera a composição etária da sociedade.

Mulheres pretas e pardas: as mais afetadas

Embora o avanço seja evidente, o estudo revela desigualdades que ainda exigem atenção especial. Entre os jovens sem emprego e educação, mulheres pretas e pardas representam o maior grupo, com 4,6 milhões de pessoas, ou 45,2% do total. Em contraste, mulheres brancas somam 1,9 milhão (18,9%). Entre os homens, a maior concentração está entre os jovens pretos e pardos (2,4 milhões, ou 23,4%), o dobro dos homens brancos (1,2 milhão, ou 11,3%).

Desigualdade por renda

O recorte por renda também revela grandes disparidades. Nos domicílios dos 10% mais pobres, quase metade (49,3%) dos jovens eram nem-nem em 2023, um percentual alarmante que contrasta com os 6,6% registrados nos lares dos 10% mais ricos. 

Essa assimetria entre os grupos socioeconômicos reforça a relevância de políticas governamentais de apoio, muitas vezes criticadas por aqueles que não necessitam delas, mas vitais para reduzir essas desproporções históricas.

Avanços e desafios

A redução no número de jovens fora da escola e do mercado de trabalho é um reflexo de importantes avanços sociais. Contudo, os desafios permanecem, especialmente para os jovens de baixa renda e as mulheres negras, que ainda enfrentam barreiras no acesso à educação e à qualificação profissional.

Para consolidar as melhorias alcançadas e seguir avançando, é essencial que o governos continue implementando medidas que busquem garantir oportunidades iguais para todos os jovens, com foco especial naqueles que enfrentam as maiores dificuldades socioeconômicas.