Lula reforça compromisso social e critica especuladores financeiros em seminário do PT
Presidente reforça legado petista de inclusão social e critica desigualdade econômica: “Não nascemos para ser iguais a outros partidos”
Encerrando o seminário “A realidade brasileira e os desafios do Partido dos Trabalhadores”, na última sexta-feira (6), o presidente Lula falou diretamente à militância do PT por videoconferência. Sua mensagem destacou o papel histórico do partido e a necessidade de reconexão com as bases sociais que sustentaram o projeto petista ao longo das décadas.
“Todo mundo tem que saber: nós queremos governar um país para todos. Mas precisamos dar prioridade para as pessoas mais necessitadas, mais frágeis, que ganham menos. Foi para isso que fomos eleitos, é o país que teremos”, declarou Lula.
Ao revisitar o Manifesto do PT, o presidente exaltou o legado do partido na luta pela inclusão social, comparando os avanços do governo petista aos marcos históricos do governo Getúlio Vargas.
“Se você pegar a história do Brasil, há dois momentos de conquistas para a classe trabalhadora: o governo Vargas e o nosso. Não há outro momento em que os trabalhadores conquistaram tanto quanto agora”, afirmou.
Reconexão com as bases
Lula enfatizou a necessidade de o PT se reaproximar da população vulnerável, marcando uma distinção clara em relação a outros partidos. Ele alertou contra o risco de se distanciar das bases populares, o que poderia tornar o PT “igual a qualquer outro partido”.
“Se aparecermos nos bairros apenas de quatro em quatro anos para pedir voto, seremos iguais. Não nascemos para ser iguais, nascemos para ser diferentes”, reforçou, criticando o ódio e a perseguição política que o partido enfrentou ao longo dos anos.
Lula também comentou os resultados de uma recente pesquisa Quaest, que indicou rejeição ao seu governo por 90% dos especuladores financeiros. Para ele, isso reforça as diferenças ideológicas entre o projeto petista e os interesses do mercado.
“É muito importante que banqueiros digam que são contra mim para que possamos dizer de que lado eles estão. Precisamos mostrar que não somos iguais. Nascemos para mudar a realidade dos mais pobres”, declarou.
Integração regional e global
De Montevidéu, onde participa da Cúpula do Mercosul, Lula celebrou o acordo comercial firmado com a União Europeia após 25 anos de negociações. O presidente ressaltou o impacto positivo do pacto para o comércio global e para a América do Sul.
“É um acordo extraordinário, envolvendo 720 milhões de pessoas e um PIB de US$ 22 trilhões. Não é pouca coisa”, avaliou. Durante a viagem, ele também visitou o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, ícone da esquerda latino-americana, condecorado com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul.
Desafios e unidade
O seminário, coordenado pela Fundação Perseu Abramo (FPA), reuniu lideranças petistas para debater os desafios políticos e sociais enfrentados pelo país. A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, avaliou o evento como “um sucesso” e destacou a importância de atualizar estratégias partidárias.
“Esse seminário foi um momento de reflexão sobre nossa realidade e os desafios que enfrentamos. Ele nos prepara para os enfrentamentos ideológicos que precisamos fazer na sociedade”, concluiu.