Punhal verde e amarelo: entenda o plano do golpe de Bolsonaro
Armamento avaliado pela trama golpista para realizar o assassinado de Alexandre de Moraes/ Reprodução PF

Investigado pela Polícia Federal, o plano denominado “Punhal Verde Amarelo” detalha uma tentativa de golpe atribuída a generais do Exército Brasileiro, com suposto apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. A conspiração envolvia seis militares das Forças Especiais, conhecidos como “Kids Pretos”, e teria como objetivo impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, eleito em 2022. 

Inicialmente previsto para o dia 12 de dezembro de 2022, data da diplomação dos vencedores da eleição, o golpe foi adiado para o dia 15 devido a atrasos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O plano incluía ações extremas, como o assassinato de Lula e de seu vice, Geraldo Alckmin, por envenenamento, disparos de armas ou explosões. 

A operação teria sido orquestrada pelo general Walter Braga Netto, ex-chefe da Casa Civil e ex-candidato a vice-presidente de Bolsonaro. Entre as estratégias descritas estava a captura do ministro Alexandre de Moraes, relator de processos sensíveis no Supremo Tribunal Federal (STF). Após isso, Bolsonaro decretaria a anulação das eleições e instituiria um gabinete de crise para governar o país. Documentos sobre o plano teriam sido impressos no Palácio do Planalto.  

Mesmo após ser adiada, a ação não foi totalmente descartada. Relatórios indicam que o grupo monitorou Moraes até a posse de Lula, em 1º de janeiro de 2023. No dia 8 de janeiro, o general Estevam Cals Theophilo, comandante da força terrestre, estaria preparado para mobilizar tropas em Brasília. No entanto, o plano foi abandonado quando o então vice-presidente Hamilton Mourão recusou-se a assinar a autorização para o golpe. Bolsonaro, à época, já estava fora do Brasil.  

O general de brigada Mário Fernandes, apontado como braço direito de Braga Netto, teria coordenado as ações. Segundo a PF, Bolsonaro deu aval à trama, comemorado por Fernandes. Dias antes da tentativa de prisão de Moraes, Bolsonaro também teria articulado apoio de empresários do agronegócio.  

Entre os detalhes revelados pelas investigações, o grupo utilizava codinomes inspirados na Copa do Mundo de 2022, como “Alemanha” e “Argentina”. Os alvos tinham apelidos específicos: Moraes era chamado de “professora”, Lula de “Jeca” e Alckmin de “Joca”. Para financiar as operações, os militares realizaram uma arrecadação inicial de R$ 100 mil em uma reunião na casa de Braga Netto, em novembro de 2022, com a presença de oficiais como Mauro Cid e Ferreira Lima.  

As revelações destacam o suposto envolvimento direto de Bolsonaro e Braga Netto como os principais articuladores do plano, reforçando as acusações de que o golpe visava não apenas destituir adversários, mas consolidar o poder em mãos militares e do ex-presidente.