Dilma: ‘O acesso a novas fontes de financiamento é fundamental para o Sul Global’
“Embora o G7 representasse 62% do PIB global quando foi estabelecido, hoje representa apenas 30,8%”, ressaltou Dilma
Na última quarta-feira (24), Dilma Rousseff, presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), discursou na Cúpula do BRICS em Kazan, na Rússia, durante a cúpula do BRICS. A reunião buscou consolidar o papel do bloco e ampliar suas alianças com países do Sul Global, em um cenário marcado por crescentes tensões geopolíticas e fragmentação econômica.
Dilma ressaltou a transição do poder econômico para as nações emergentes e o impacto da inclusão de novos membros na expansão da relevância do BRICS. “Embora o G7 representasse 62% do PIB global quando foi estabelecido, hoje representa apenas 30,8%, enquanto as nações dos BRICS já representam 31,5% do PIB global”, declarou, destacando a crescente influência dos países em desenvolvimento.
Outro ponto central foi a crítica à dependência do dólar e às sanções unilaterais, que, segundo Dilma, ampliam os riscos financeiros e minam a confiança no sistema internacional. Ela defendeu o uso de moedas locais e novas plataformas de financiamento como alternativas para fomentar o desenvolvimento sustentável e combater a desigualdade. “Precisamos restaurar uma ordem internacional que produza uma globalização mais inclusiva, sustentável e resiliente”, enfatizou, posicionando o BRICS como um ator estratégico na construção de uma nova governança global.
Trechos de destaque
Confira algumas passagens do discurso de Dilma Rousseff na Cúpula dos BRICS, em que a presidenta centrou sua fala em questões como a defesa do crescimento liderado pelo Sul Global, a crítica à concentração de poder nas economias desenvolvidas e o papel do BRICS na construção de uma nova ordem internacional baseada na cooperação e soberania financeira.
1. Sobre a mudança do eixo econômico para o Sul Global:
“Embora o G7 representasse 62% do PIB global quando foi estabelecido, hoje representa apenas 30,8%, enquanto as nações dos BRICS já representam 31,5% do PIB global, e essa participação tende a ser ainda maior à medida que os BRICS incluem países exportadores de energia. O FMI prevê que os países dos BRICS, até 2028, representarão entre 35% a 40% do PIB global, enquanto a participação do G7 cairá para 27%.”
2. Sobre o impacto do dólar e a necessidade de multilateralismo:
“A instrumentalização do dólar com sanções unilaterais está exacerbando os riscos financeiros, reduzindo a confiança no sistema e levando à desaceleração da globalização e do crescimento. […] Precisamos restaurar uma ordem internacional que produza uma globalização mais inclusiva, sustentável e resiliente, sob uma governança global verdadeiramente multilateral.”
3. Sobre o papel do NBD e o compromisso com uma nova arquitetura financeira:
“O NDB deve explorar seu papel em novas fontes de financiamento e cooperação internacional para a educação e inovação tecnológica. […] Além disso, o NDB enfatiza a soberania nacional, pois seu financiamento não impõe condicionalidades macroeconômicas, diferenciando-o das instituições tradicionais de Bretton Woods.”
4. Solidariedade à nação cubana e pelo fim das guerras
“Devo expressar minha solidariedade com Cuba, aqui presente, que tem sofrido com sanções e bloqueios econômicos por mais de 60 anos, apesar das decisões tomadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas contra essas medidas. Gostaria também de condenar a violência extrema que afeta a Faixa de Gaza, particularmente o massacre de mulheres e crianças, o que significa uma tentativa de extermínio do povo palestino. Para o progresso, precisamos de paz e, para o desenvolvimento, precisamos de segurança e cooperação.”