Reta final de campanha: 13 conselhos sobre o que fazer
A última semana, véspera de eleição, é o período no qual o eleitor brasileiro, em geral, decide o voto; ouvimos quem entende do assunto e trouxemos dicas para ajudar a fortalecer o seu candidato no pleito municipal
No próximo domingo (6), quase 156 milhões de eleitores devem se dirigir às urnas nos 5.570 municípios brasileiros para elegerem seus representantes ao cargo de prefeito e para a Câmara de Vereadores.
O número de indecisos costuma sempre ser significativo, até a reta final, em diferentes contextos, não só na esfera municipal. Mas na disputa relacionada aos vereadores, por exemplo, a indecisão segue bastante alta até o dia da eleição. Segundo a mais recente pesquisa do Datafolha, 67% dos eleitores da maior cidade da América Latina, São Paulo, ainda não decidiram o voto para vereador. Embora 87% responderam considerar muito importante a escolha que farão.
Apesar do tempo curto, nesse sentido, os dados mostram que é esse exatamente o melhor momento para conquistar votos. Ouvimos 13 pessoas que se dedicam ao trabalho em campanhas, entre políticos militantes e artistas, para entender o que ainda é possível ser feito nas ruas e nas redes sociais, confira:
“Estamos a poucos dias da eleição e ainda dá para ajudar o candidato porque nos últimos dias os eleitores decidem o voto. Uma forma de ajudar é pedir voto onde as pessoas já te conhecem, que sabem que você tem credibilidade para indicar um candidato. Outra forma de convencimento é mostrar as causas defendidas pelo seu candidato e explicar o porquê elas são importantes. As causas nos mobilizam e também movimentam aquelas pessoas que acreditam nelas” Paulo Okamotto, presidente da FPA
“Para conquistar os indecisos, o diálogo nas ruas e o corpo a corpo são essenciais. Se for possível, é legal organizar uma banquinha na porta de alguma estação de metrô, por exemplo, sempre conversando de forma respeitosa. A internet também é um campo de disputa interessante, compartilhe as postagens de campanha do seu candidato nas redes sociais, abra o coração. A autenticidade gera proximidade. O whatsapp é uma boa ferramenta nesse sentido. Não subestime o poder da mobilização local junto aos grupos dos quais você já faz parte, isso é fundamental.” Marina do MST, deputada estadual (RJ)
“É importante deixar de lado as iniciativas de ofensas, que atrapalharam a qualidade dos debates. Minha recomendação é dizer aos eleitores as propostas, o que se quer fazer para melhorar a vida das pessoas” Eduardo Suplicy, político
“Nos dias finais da campanha, muitas cores nas ruas, muita alegria e força persuasiva. Para apresentar, sugiro dois ou três pontos sólidos para um novo tipo de comunhão urbana em que a solidariedade e o direito a fruir as ruas em liberdade e segurança sejam os elementos principais. É preciso dizer: a cidade é de todos e para todos” Tarso Genro, político Genro, político
“Olho no olho. O PT, historicamente, tem essa característica, nada melhor do que conversar, pessoalmente, com amigos, família, turma do futebol, o balconista da padaria, as pessoas da comunidade da sua igreja. Identificar o que mais interessa para aquele determinado eleitor. Tem que focar no que interessa. O que ele precisa? O que ele espera do candidato? Ouvir também faz parte das tarefas da reta final. Essa informação é muito importante para que a pessoa crie identificação com o seu candidato. Nas redes, é legal gravar um vídeo apresentando seu voto e os motivos” Juliana Cardoso, deputada federal (SP)
“Na minha experiência, você elege ou deixa de eleger alguém muito antes da campanha, com planejamento, representatividade real, capacidade de sensibilizar as pessoas para participarem do processo. Mas, como estamos na reta final, meu conselho é falar com o máximo de pessoas, sem demagogia, ou seja, prefeito e vereador não fazem milagre, mas é melhor ter quem tem compromisso de representar os interesses dos trabalhadores. A esquerda precisa voltar a falar dos interesses de classe. É a hora de não votar no inimigo” Ricardo Berzoini, político
“É nas cidades que a vida acontece.Tudo se movimenta nos centros, nas praças, nos bairros, nas vilas, na periferia. Nossos candidatos têm lado nessa história, e esse lado, mais do que uma escolha, é uma decisão, precisamos mostrar isso com muita humanidade e respeito ao outro, mostrar que as pessoas são protagonistas” Paulo Paim, senador (RS)
“É hora de ir para a rua com a estrela no peito e toda energia para conquistar o voto dos indecisos. É muito importante destacar a candidatura e o número, principalmente o número, em lugares públicos, saídas de escolas, comércios e demais locais. Organizar caminhadas pelos bairros, sem esquecer das ações nas redes sociais. Reta final é hora de ter concentração e mobilização total para a vitória” Gleisi Hoffmann, presidente do PT
“Essas eleições se dão em um clima político sem paralelo nos últimos anos. A realidade é que agora podemos dizer que acabou aquele clima de hostilidade com o PT, as pessoas estão mais abertas a ouvir, não rasgam mais os panfletos na distribuição. Estamos no governo federal, o país agora tem um rumo. Portanto, há um espaço político para reiniciar o nosso crescimento. Temos que defender questões relacionadas ao emprego, as pessoas estão pensando nisso. Precisamos ser objetivos nas nossas propostas, marcar presença com carreatas, bandeiraços.” Zé Dirceu, político
“Minha dica é focar na escuta e no diálogo. É importante entender as necessidades e preocupações das pessoas e mostrar como as propostas do partido estão alinhadas com a melhoria da qualidade de vida delas. Além disso, compartilhar a nossa trajetória em defesa da democracia, dos direitos sociais e da classe trabalhadora fortalece a confiança. E claro, sempre combater as fake news com informação verdadeira e responsável. Conquistar um voto é, antes de tudo, construir um laço de confiança.” Fátima Bezerra, governadora do RN
“Eu acredito que campanha é o momento de colheita. Na reta final, nós já temos uma avaliação, e é verdade que não basta plantar, cultivar e não se preparar para colher. Então, é preciso se reunir com a equipe, os voluntários, os apoiadores para que eles estejam motivados, é como um mutirão. Agora é a hora de distribuir a ‘colinha’ que as pessoas não guardam e agora querem pegar. Além disso, é hora de pensar também na equipe de fiscalização para o dia da eleição. Para convencer que está em dúvida, nas redes sociais, distribua cards bem objetivos com o número e aposte em vídeos curtos” Padre João, deputado federal (MG)
“O ritmo de já ganhou é nocivo, é preciso manter a animação para ganhar. A agenda do candidato na última semana tem que estar a todo vapor, pegando as pontas soltas, com quem ainda não foi possível conversar. Visibilidade em pontos estratégicos é essencial, faixas, bandeiras, a criatividade nesse sentido é muito importante, mesmo com uma equipe pequena é possível fazer rodízios em diferentes pontos da cidade. Nas redes, vale usar as redes de transmissão, mas, além disso, eu prefiro apostar em algo mais direcionado como uma ligação ou então um texto bem personalizado para cada pessoa. Na reta final, o corpo a corpo continua sendo o melhor termômetro, sempre respeitando o perfil do candidato. Uma boa avaliação na hora certa pode identificar o que deu errado na estratégia para conseguir reverter na última semana” Adrianinha, militante do PT
“Vale a pena dizer que se a pessoa está em dúvida sobre um candidato a vereador ou prefeito, é interessante ela votar em alguém do PT porque o canal é mais aberto com o presidente. E com isso a cidade terá boas condições de se mover nas engrenagens relacionadas a recursos e projetos” Paulo Betti, ator