No Rio de Janeiro, presidente celebrou a volta do artefato que é símbolo de identidade, memória e pertencimento para os povos indígenas do Brasil

“Especial para todos nós”, diz Lula sobre retorno do Manto Tupinambá ao Brasil
Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na última semana (12/9) da cerimônia que marcou o retorno do Manto Tupinambá ao Brasil, no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. O item é considerado um ente vivo, de caráter espiritual, que traz identidade, memória e pertencimento para os povos indígenas do país, em especial para as populações tupi.

“É um privilégio extraordinário participar, como presidente da República, desse momento tão especial não só para os povos indígenas, mas para a história de todos nós, brasileiros e brasileiras. O retorno do manto sagrado tupinambá, até então parte do acervo do Museu Nacional da Dinamarca, é um marco. Trata-se do primeiro item indígena de simbolismo espiritual a voltar ao país, depois de tantos anos ausente”, ressaltou Lula, durante a cerimônia.

O presidente reforçou que o reconhecimento e o respeito aos direitos dos povos originais são prioridade do Governo Federal. “Por isso criamos o Ministério dos Povos Indígenas (MPI). Fizemos e continuamos a fazer a desintrusão de territórios ocupados por não indígenas. Homologamos novas terras e tenho certeza que faremos muito mais, sempre enfrentando os desafios, que são muitos e precisam ser tratados de forma negociada, com diálogo e transparência”, salientou.

Relíquia repatriada

O Manto Tupinambá tem quase 400 anos e estava fora do Brasil desde meados do século XVII. Permaneceu no Museu Nacional da Dinamarca por 335 anos. Desde que chegou ao Brasil, segue em um espaço de guarda, em uma sala da Biblioteca Central do Museu Nacional preparada para garantir a sua preservação. O manto não está atualmente em exposição, mas será destaque, em 2026, na reabertura das exposições do Museu Nacional, no Paço de São Cristóvão.

Os Tupinambá chegaram ao Museu Nacional dia 7 de setembro e estão alojados perto do local que acondiciona o manto, na Biblioteca do Museu. No dia 10, a comitiva teve o primeiro acesso ao manto após realizarem rezas e rituais. Na quarta-feira (11), foi a vez de um grupo de anciões Tupinambá ter seu tempo de conexão e de realização de rituais com o manto.

Na cerimônia, Jamopoty, a primeira cacique mulher dos Tupinambá de Olivença (BA), celebrou a volta do manto e lembrou a luta pela conclusão do processo de demarcação de suas terras. “Estou falando pela voz do meu ancestral, que me dá força para vir aqui. Estamos aqui no Rio de Janeiro, desde o dia 7 de setembro, para que a gente fizesse nossa vigília, para que a gente dissesse ao manto: estamos aqui, pertinho de você, nos ajude ainda mais. Viva mais de 300 anos, viva mais um tempo, para o Brasil ser diferente, ser um novo Brasil com sua história verdadeira, a história dos povos originários”, disse.

O retorno do item ao Brasil é resultado da cooperação entre instituições dos dois países, incluindo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), por meio da Embaixada do Brasil em Copenhague, assim como os respectivos museus e as lideranças Tupinambá.

`