Sem saudades: após sete anos da Reforma Trabalhista, 70% dos trabalhadores informais querem carteira assinada
Pesquisa da FGV revela descontentamento de trabalhadores autônomos e informais, maioria quer de volta a carteira assinada
A ¨flexibilização do contrato de trabalho¨, sancionada e apoiada pelo ex-presidente Michel Temer em 2017, não entregou o que prometia – ou melhor, só entregou o que prometia: arrocho para o povo e benefícios para o empresariado. Após sete anos da Reforma Trabalhista, 70% dos trabalhadores informais querem a segurança da carteira assinada.
Estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV-Ibre) revelou que entre os trabalhadores informais que ganham até um salário mínimo (R$ 1.412), 75,6% preferem ter um emprego formal. Para aqueles que recebem entre um e três salários mínimos, esse índice chega a 70,8%, enquanto diminui para 54,6% entre os informais com rendimentos superiores a três salários mínimos.
Sob a desculpa de que seria ¨melhor você arrumar trabalho flexível do que não ter emprego¨, essa herança do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff beneficiou fortemente as empresas, pois a consequência da terceirização que aconteceu a seguir foi o enfraquecimento dos sindicatos, menor acesso à justiça, e a possibilidade de negociação direta entre patrões e funcionários.
As mudanças trouxeram insegurança financeira para os trabalhadores informais. Apenas 45% conseguem prever sua renda para os próximos seis meses, enquanto essa capacidade de previsão sobe para 67,5% entre os empregados com carteira assinada. Com cerca de 44% dos trabalhadores ganhando até um salário mínimo, a pesquisa apontou que os salários dos autônomos também não ficaram melhores.
A pesquisa foi realizada com 5.321 pessoas com margem de erro de 2%.