Fundação Perseu Abramo recebe visita de delegação do Partido Comunista da China
Comitiva participa de discussões sobre o partido e o governo chinês com diretores da instituição e dirigentes do PT
Redação FPA
As experiências político-partidárias e o atual contexto do governo chinês foram o tema central da vinda da delegação do Partido Comunista da China (PCCh) ao Brasil. A agenda é resultado do compromisso assumido pela presidenta nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, quando da ida de comitiva do partido à China, em abril deste ano. Ela incumbiu o Núcleo de Cooperação Internacional da Fundação Perseu Abramo pela organização das atividades envolvendo a comitiva chinesa.
A programação incluiu a realização do seminário “Partido e Governo na China”, reuniões e debates com diretores da FPA e dirigentes do PT, visita ao Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, em São Paulo, e ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
O primeiro compromisso oficial ocorreu na manhã do dia 15/8, no Auditório Antonio Candido da FPA. A chefe da delegação chinesa, Rao Huihua, que é diretora do Centro de Comunicações Internacionais do Departamento Internacional do Comitê Central do PCCh, e o vice-presidente da Escola de Formação de Quadros do Barco Vermelho de Zhejiang, Xu Lianlin, apresentaram as resoluções da Terceira Sessão Plenária do 20º Comitê Central do PCCh e comentaram sobre a situação partidária e o sistema político naquele país.
Modernização chinesa e situação partidária
“Em 2022, no 20º Congresso do Partido Comunista, estabelecemos que uma vez resolvida a situação de pobreza extrema no nosso país, era necessário voltarmos nosso foco no processo de modernização chinesa”, comentou Rao Huihua.
Segundo ela, o objetivo é consolidar até 2035 uma economia socialista de mercado baseada, entre outros pontos, em uma consistente inovação tecnológica e em um sistema de abertura para empresas estrangeiras. Com isso, a expectativa é que a China atinja um modelo de globalização inclusiva.
Por sua vez, Xu Lianlin destacou o que significa fazer parte de um dos maiores partidos políticos mundiais – o PCCh tem 99 milhões de filiados e mais de 500 bases partidárias. “Temos de atuar como um grande partido e, com isso, assumir as responsabilidades como um grande partido”, disse.
Para isso, o dirigente salientou que é preciso sempre se buscar o respeito às lideranças e a defesa da unidade partidária, de modo a se ter um sistema integral de governança, que se paute na autonomia étnica e regional do país e que seja respaldada pela sua base social.
Plano quinquenal
Outro tema apresentado no dia 15/8, no período da tarde, foi o atual Plano Quinquenal, as metas estabelecidas e o processo de construção do próximo planejamento. A iniciativa, que está em sua 14ª edição (2021 a 2025), faz parte do modelo político na China e estabelece diretrizes para o desenvolvimento econômico e social a médio prazo, sendo elaborado a cada cinco anos.
A exposição ficou a cargo de Huang Zhengxue, diretor do Gabinete de Desenvolvimento Fundiário do Instituto de Desenvolvimento Fundiário e Economia Regional da Academia de Macroeconomia da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma.
O dirigente explicou a concepção desse planejamento, detalhando pontos principais dos últimos planos. Em relação ao atual, ele pontuou o foco na expansão do crescimento do consumo interno do país.
“O 14º Plano Quinquenal representa uma nova etapa de desenvolvimento, traduzido em um novo conceito e em uma nova conjuntura sobre o que é o desenvolvimento. Isso está atrelado à ideia de mudarmos nosso patamar de uma nação socialista próspera para uma nação socialista com forte desenvolvimento”, disse.
ROTA DA SEDA – O terceiro e último encontro com a delegação chinesa ocorreu em 17/8, durante o debate “Cinturão e Rota da Seda, futuro compartilhado e as relações Brasil-China”, que foi mediado pela diretora da FPA, Monica Valente.
A exposição sobre o tema coube a Zhao Lei, vice-presidente do Instituto de Estratégia Internacional da Escola Central do Partido Comunista da China. Ele destacou a “diplomacia econômica” exercida pelo seu país nos últimos anos, com destaque ao período a partir de 2013, quando houve o anúncio da chamada nova Rota da Seda.
A Rota da Seda original foi uma importante rede de trajetos, por terra e mar, entre a Ásia, Europa e África, responsável pelo comércio de produtos têxteis. A nova versão, intitulada Iniciativa Cinturão e Rota, conta no momento com a participação de mais de 140 países e já financiou mais de 5 mil projetos.
Para Zhao Lei, para além da adesão do Brasil à nova Rota da Seda, a expectativa é que o Governo Lula mantenha a “disposição para o diálogo e a cooperação” atuais. “Estamos dispostos a compartilhar o que acumulamos nos últimos 40 anos”, disse.
O presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamotto, espera que a relação entre o Brasil e a China permaneça em um sistema que seja positivo para os dois lados. Ele ressaltou a importância do PT e da própria FPA na divulgação das boas relações com os chineses. Segundo a diretora Monica Valente, os resumos dos encontros com a delegação serão publicados em breve, em formato digital, no site da FPA. A atividade também contou com a participação de Valter Pomar, diretor do Núcleo de Cooperação Internacional da FPA, Elen Coutinho, diretora do Centro de Memória da FPA, Brenno almeida, vice-presidente da fundação, e Jorge Bittar, diretor de Formação da FPA.