Estudo revela aumento do uso de IA no ensino superior
Pesquisa foi realizada em cinco regiões do país com alunos das classes A, B e C. Unesco lança Guia com orientação para uma abordagem centrada no ser humano para o uso da IA generativa
Redação Focus Brasil
Uma pesquisa da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes), em parceria com a Educa Insights, revelou um aumento significativo no uso de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) por estudantes do ensino superior. Segundo o estudo, 71% dos entrevistados utilizam IA frequentemente, com 29% usando-a diariamente e 42% semanalmente.
Comparando com a primeira pesquisa realizada em 2023, o número de universitários e futuros universitários que conhecem ferramentas de IA saltou de 69% para 80% em 2024. O uso frequente da IA na vida acadêmica também apresentou um crescimento considerável, passando de 53% para 71% no mesmo período.
Os benefícios da IA na educação, segundo os entrevistados, incluem a flexibilidade de aprendizado (53%), acesso a informações e conteúdos atualizados (50%) e a resolução mais rápida e eficiente de dúvidas (49%).
No entanto, a pesquisa também destaca desafios na implementação da IA na educação. A falta de interação humana (52%), a dependência excessiva em tecnologias que podem falhar (49%) e a possibilidade de erros em avaliações e correções realizadas por IA (41%) são apontados como obstáculos.
Ao tomar conhecimento da pesquisa da Abmes, o filósofo Gentil Gonçales Filho, professor de Filosofia da Fundação Indaiatubana de Educação e Cultura e do Centro Educacional Sesi Indaiatuba, ressalta o papel dos professores. “Você tem que ensinar os alunos a pensar sobre IA e como utilizar essa ferramenta e essas plataformas de maneira que eles não fiquem alienados e que construam o conhecimento sendo protagonistas”.
O professor adverte que “é bom lembrar que, por mais que a tecnologia avance e a gente não pode deixar de tê-la porque ela é inexorável, os dramas que ela gera também são inexoráveis, são incalculáveis”. Gonçales Filho lamenta que o acesso às tecnologias, entretanto, não é para todos. “Nem todo mundo vai ter essa possibilidade de acesso democrático à inteligência artificial.
Na opinião do professor e doutor em Matemática, Alberto Martins, “é importante conhecer os dados que oferecem as referências para a pesquisa, como a coleta das amostras e seus pesos no contexto de um país tão heterogêneo, sob os aspectos socioeconômicos e de infraestrutura”. Martins foi coordenador do Departamento de Matemática Aplicada do Instituto de Ciência Exatas (ICE) e Vice Reitor da PUC Campinas. O professor pondera ainda que “resultados das inferências estatísticas levam a opções políticas, razão pela qual se deve ter um olhar criterioso para todas as tendências, sobretudo na área da Educação.”
Guia Unesco
A Organização das Nações Unidas para a Educação, Unesco, lançou um Guia para Uso da IA Generativa na educação e pesquisa. A publicação oferece recomendações concretas aos legisladores e às instituições de ensino sobre como o uso das ferramentas de IAGen pode ser orientado a proteger a agência humana e a beneficiar genuinamente os estudantes, os aprendizes e os pesquisadores. De acordo com o guia, enquanto o Chat GPT alcançou 100 milhões de utilizadores ativos mensais em janeiro de 2023, apenas um país apresentou, em julho daquele ano, regulação voltada para a IA generativa.
O Guia enfatiza a necessidade de as instituições educacionais validarem os sistemas IAGen quanto à sua adequação ética e pedagógica para a educação.