Primeiros passos de uma investigação da Comissão Europeia sobre a plataforma X confirma que a empresa de Elon Musk viola a Lei de Serviços Digitais. O X pode ser a primeira empresa com mais de 45 milhões de usuários a sofrer sanções e receber uma multa de 6% do seu faturamento global.

Fernanda Otero 

Reprodução Pixabay

A Comissão Europeia divulgou na sexta-feira, 12, o resultado preliminar de uma investigação em andamento sobre o conteúdo publicado na plataforma X e constatou que a empresa violou a Lei de Serviços Digitais, que entrou em vigor em fevereiro deste ano. 

A iniciativa monitora Plataformas Online Muito Grandes (VLOP) e os Serviços de Busca Online Muito Grandes (VLOES). O X pode ser a primeira empresa com mais de 45 milhões de usuários a sofrer sanções e receber uma multa de 6% do seu faturamento global.

Em comunicado à imprensa, a CE afirma que “com base em uma investigação aprofundada e na análise de documentos internos da empresa, entrevistas com especialistas e cooperação com Coordenadores Nacionais de Serviços Digitais” foram encontradas evidências de “não conformidade em três queixas: Padrões Obscuros: práticas que manipulam ou enganam usuários para tomar decisões involuntárias; Transparência de Publicidade: falta de clareza em relação à origem e contexto dos anúncios exibidos; e Acesso a Dados para Pesquisadores: falta de acesso adequado a dados públicos disponíveis, prejudicando a capacidade de pesquisa independente.

A queda do selinho azul

O Comissário de Mercado Interno, Thierry Breton, um dos responsáveis pela criação da Lei de Serviços Digitais da União Europeia, comentou também sobre a descaracterização do tradicional selo azul, que conferia autoridade e confiança a jornalistas e pessoas públicas. Hoje a coisa é diferente. 

“Antigamente os Blue Checks representavam fontes de informação confiáveis. Agora, com o X, consideramos, a título preliminar, que eles enganam os usuários e infringem a lei”. O comissário informou ainda que “o X tem o direito de defesa, mas se o nosso ponto de vista for confirmado, aplicaremos multas e exigiremos alterações significativas”.

Elon Musk respondeu à CE em postagens no X escrevendo que a Comissão tinha oferecido ao X um “acordo secreto ilegal” para evitar uma multa concordando em censurar silenciosamente os usuários. Ele também ameaçou com uma ação legal contra a Comissão.

“Estamos ansiosos por uma batalha muito pública no tribunal, para que o povo da Europa possa saber a verdade,” escreveu Musk. Breton respondeu no X que não houve acordo secreto e disse que foi a própria equipe de Musk que pediu à comissão detalhes sobre a reclamação.

“Fizemos isso de acordo com procedimentos regulatórios estabelecidos. Cabe a você decidir se vai assumir compromissos ou não. É assim que funcionam os procedimentos do Estado de direito. Vejo você (ou não) no tribunal”, escreveu Breton.

O selo azul de verificação no Twitter, rebatizado de X após ser adquirido por Musk, surgiu em 2009, depois de o rapper Kanye West e o ex-jogador de basquete Shaquille O’Neal reclamarem sobre a falsificação de suas identidades na plataforma. Naquele ano, o Twitter implementou um símbolo de verificação, que era uma marca branca em um círculo azul-claro com bordas recortadas, que ficou conhecido como “selo azul”. Esse selo era atribuído a contas de figuras públicas e empresas confirmadas como autênticas pela equipe do Twitter. Embora não haja uma divulgação oficial, acredita-se que a escolha do símbolo possa estar relacionada à palavra latina “veritas”, que significa “verdade.”

No Brasil, pesquisadores do Universidade Federal Fluminense usam IA para detectar fakes

Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal Fluminense (UFF) desenvolveu um método para detecção de notícias falsas, as chamadas fake news, nas redes sociais, com o uso de inteligência artificial (IA), informa a Agência Brasil. A técnica é fruto de estudo desenvolvido pelo engenheiro de telecomunicações Nicollas Rodrigues, em sua dissertação de mestrado pela universidade.

O estudante e seu orientador, Diogo Mattos, professor do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Redes de Nova Geração da UFF, desenvolveram uma ferramenta de IA capaz de diferenciar fatos de notícias falsas, a partir da análise de palavras e estruturas textuais, com precisão de 94%.

Ou seja, a cada 100 notícias analisadas, a ferramenta conseguia acertar se era fato ou boato em 94 situações. No total, foram analisadas mais de 30 mil mensagens publicadas na rede social X. 

“Testamos três metodologias e duas tiveram sucesso maior. A gente indica, no final dos resultados, a possibilidade de utilizar ambas em conjunto, de forma complementar”, explica Rodrigues.

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