Teoria e Debate: lançamento no Rio é marcado por depoimento de Hildegard Angel
Evento contou com a presença de uma das autoras da publicação, a jornalista e familiar de vítimas da ditadura Hildegard Angel, do presidente da Fundação Perseu Abramo Paulo Okamotto e do diretor Alberto Cantalice
A sede do PT RJ recebeu a Fundação Perseu Abramo na última segunda-feira, 11, para o lançamento da edição especial da Teoria e Debate que relembra os 60 anos do golpe de 1964. Em noite marcada pela emoção do depoimento de Hildegard Angel, a edição impressa da revista foi apontada pelos presentes como um importante documento histórico.
“O PT é um partido progressista, um partido de esquerda, que deplora o golpe de 1964”, salientou o diretor de comunicação da FPA Alberto Cantalice, que afirmou ser a revista um documento de posicionamento e educação produzido pelo Partido dos Trabalhadores. “Chamamos uma série de companheiros e companheiras para escrever. São pessoas que viveram o antes, o durante e os estertores do golpe, por isso fizemos uma cronologia. Pegamos todos os setores perseguidos pela ditadura. Uma coisa plural, de todos segmentos partidários. A gente fez uma revista histórica”.
Ainda segundo Cantalice, a prioridade da distribuição, além de diretórios do partido, é para as principais bibliotecas públicas do Brasil, para que esteja o ponto de vista dos perseguidos à disposição de estudantes e pesquisadores.
Emoção e reconhecimento
Homenageada na noite, a jornalista Hildegard Angel, cuja história e trajetória se debruça sobre o tema, emocionou o público presente. Hilde, hoje uma das conselheiras do Brasil 247 é familiar de duas vítimas da ditadura: seu irmão, o militante político Stuart Edgard Angel Jones, preso, torturado e assassinado por militares, e sua mãe, a estilista Zuzu Angel, que dedicou-se a denunciar a ditadura e o assassinato de seu filho e acabou morta em um acidente de condições suspeitas, no Rio de Janeiro.
Para Hilde, a revista é de valiosa importância histórica por reforçar o que significa viver sob uma ditadura, para que não caia no esquecimento. “Quanto mais distante o tempo, menor fica história. O nosso papel, já que estamos vivos para isso é lembrar essa história com toda energia, com toda convicção”, afirmou a jornalistas. “E tentando mesmo transmitir toda a luta e todo o sofrimento que significou. É uma aula de história. Conhece o período que é falado, mas não é popular. Temos que popularizar essa história, o que é uma ditadura. Dizer o que é uma ditadura faz parte da cartilha de defesa da democracia”.
Hilde também analisou a conjuntura política brasileira e afirmou ser tempo de esperança e de “defender o governo Lula diariamente”. “Este governo é vitorioso. Que consegue, a cada dia, uma vitória diferente, mesmo que não haja repercussão na mídia, pois faz parte do caráter da mídia ser sem caráter”, apontou. “Eles até hoje normalizam o Bolsonaro, tratam ele como ex-chefe de estado”.
O presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamotto, saudou a produção da revista e exaltou o trabalho da Fundação Perseu Abramo. “A gente sabe que a coisa não está fácil. A direita trabalha com mentira, então, precisamos produzir para ser ouvido, para ter capacidade de convencimento”, apontou Okamotto. “Por isso nos dedicamos também aos trabalhos de base. Mas como começar? Essa discussão precisa ser feita. Temos o objetivo de instruir o partido, de construir quadros, trabalho de base para eleger candidatos, para o conselho tutelar, precisamos estar em todas as camadas da discussão política”.
Estiveram presentes também o presidente do PT Carioca, Thiago Santana e os vereadores Edson Santos e Adilson Pires, da capital fluminense.