Narendra Modi, 73, assumiu seu terceiro mandato consecutivo no domingo, 9, após um disputado processo eleitoral que teve início em abril. Ele foi aclamado pela coalizão para permanecer no cargo, embora com representatividade reduzida 

Fernanda Otero

O mandato “Modi 3.0”, como está sendo chamado pela imprensa internacional o terceiro termo consecutivo do convservador indiano Narendra Modi, começou oficialmente no domingo, 9, em uma pomposa cerimônia em Nova Deli, capital do governo da Índia, no Rashtrapati Bhavan, residência oficial da Presidenta da Índia, Draupadi Murmu. Participaram líderes do Sri Lanka, Maldivas, Bangladesh, Maurícias; além de estrelas de Bollywood. Também foram empossados os 73 ministros do governo. Eleito pela primeira vez em 2014, Modi é o segundo primeiro-ministro indiano a cumprir um terceiro mandato consecutivo.

Para seus apoiadores, Narendra Modi é uma figura extraordinária que melhorou a posição da Índia no cenário mundial, ajudou a tornar sua economia a quinta maior do mundo e simplificou o amplo programa de bem-estar do país, que beneficia cerca de 60% da população, diz a agência de notícias Associated Press. Forte misticismo paira sobre sua trajetória política e pessoal, e ele tem o hábito de se apresentar como um predestinado, discurso que agrada seus apoiadores, que o veem como um homem santo. Durante a campanha, ele prometeu transformar a Índia em um país desenvolvido até 2047, aumentar a produção no setor da defesa, aumentar os empregos para os jovens, ajudar os agricultores, entre outras promessas.

Para os críticos de seu governo, no entanto, ele é visto como um líder religioso e populista que deteriorou a democracia indiana e promoveu políticas segregacionistas contra a comunidade muçulmana, que compõem cerca de 14% da população do país. Veículos de imprensa internacionais relatam que ele tem utilizado cada vez mais táticas autoritárias para sufocar e reprimir seus oponentes políticos, além de pressionar, perseguir e censurar a mídia independente.

Em entrevista à Associated Press, o cientista político Christophe Jaffrelot declarou que “Modi passou sua vida política capitalizando as tensões religiosas para ganho político”.

O Partido Bharatiya Janata (BJP), que está no poder, liderou a Aliança Democrática Nacional (NDA), posicionada à direita. O primeiro-ministro formou uma coalizão com 14 formações políticas para estabelecer uma maioria de governo. Ocuparão 303 assentos, um pouco acima dos 272 necessários para governar.

A oposição de centro-esquerda é liderada pelo Congresso, o principal partido de oposição do país, formando a Aliança Nacional Inclusiva para o Desenvolvimento da Índia. Conseguiram 234 assentos.

Rahul Gandhi, herdeiro da família Nehru-Gandhi, que governou a Índia por décadas após a independência, foi indicado para liderar a oposição no parlamento da Índia. Ele foi o principal adversário de Modi durante a campanha e foi eleito em seu estado com 66% dos votos.

Em uma reunião realizada no sábado, 8, a liderança do Congresso votou por unanimidade a favor da eleição de Gandhi como o líder oficial da oposição. O cargo estava vago desde 2014, pois nenhum partido de oposição havia alcançado 10% dos votos na câmara baixa.

Repercussão internacional

O presidente Lula postou em sua mensagem de felicitação a Modi. Ele expressou seus votos para um terceiro mandato bem-sucedido na promoção do desenvolvimento sustentável, no combate às desigualdades e no fortalecimento da cooperação entre os dois países. 

O presidente dos EUA, Joe Biden, também se manifestou, destacando o crescimento da amizade entre Índia e EUA e seu potencial ilimitado para o futuro em uma mensagem postada na rede social X. 

Vladimir Putin conversou por telefone com o primeiro-ministro Modi, parabenizando-o pelos resultados das eleições. Emmanuel Macron também usou o tradicional telefone para parabenizar o premiê.

A China parabenizou a coligação liderada por Narendra Modi, e disse que estava “pronta para trabalhar” com a Índia.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, emitiu nota onde desejou em nota “tudo de bom” ao seu homólogo indiano.

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