Monitoramento aponta melhora para o jornalismo do país e perspectiva de estabilidade, com saída do ex-presidente Bolsonaro

Foto: Thomaz Silva/Agência Brasil

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, comemorado na última sexta-feira (3), foi marcado pela divulgação do ranking de liberdade de imprensa produzido pela organização não governamental Repórter Sem Fronteiras com um resultado positivo para o país. O monitoramento feito em 180 países mostrou que o Brasil tem motivos para comemorar, pois subiu dez posições em comparação ao último relatório. 

O índice é apresentado anualmente para marcar a data. No balanço de 2023, o país já havia subido 18 posições – uma tendência considerada esperada, já que o governo de Jair Bolsonaro foi marcado pela percepção de uma forte pressão sobre o jornalismo de diferentes maneiras. Com o fim de um governo de extrema-direita, o país avançou 28 posições. 

A coleta foi feita nos meses de dezembro e janeiro por meio de 120 perguntas com milhares de participantes em 26 idiomas. “Cada especialista aborda o próprio país em que vive”, diz Arthur Romeu, do escritório da Repórteres Sem Fronteiras para a América Latina. Publicado anualmente, desde 2002, o ranking é feito a partir de índices que consideram questões políticas, sociais e diferentes ordens econômicas. 

O diretor da ONG explica que o documento é utilizado por organizações internacionais como o Banco Mundial, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e agências de cooperação internacional como um indicador de referência sobre as garantias para que jornalistas possam atuar livremente.

O levantamento aponta casos semelhantes em países onde houve avanço de governos conservadores. Argentina é um exemplo na América Latina desse cenário. O país caiu 26 posições e teve a maior queda de pontuação na região (10 pontos). Saiu da posição de número 40 e agora ocupa a 66ª. Segundo o representante da Repórter Sem Fronteiras, em entrevista à Agência Brasil, o caso está associado à chegada ao poder do presidente Javier Milei. “Ele alimenta a polarização e faz ataque a meios de comunicação específicos”, aponta.

Uma dessas ações foi o encerramento das atividades da agência pública de notícias do país, a Télam. Na sexta-feira (3) foi anunciado o cancelamento do sinal do canal multiestatal Telesur, veiculado pela Televisão Digital Aberta do país. A emissora foi comunicada pelo interventor Diego Chaher de que terá seu contrato rescindido a partir de 1 de julho, segundo o jornal La Nacion.

Sobre o tema da liberdade de imprensa, a Abraji, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, lançou o projeto “Monitor de Assédio Judicial contra Jornalistas”, realizado pela organização com apoio da Unesco. O objetivo do dispositivo, de acordo com a entidade, é “oferecer um meio público para o acompanhamento de ações judiciais abusivas que fragilizam os direitos de liberdade de imprensa e de acesso à informação no Brasil, conferindo visibilidade ao fenômeno do assédio judicial e facilitando a discussão entre os jornalistas vítimas, a sociedade e as autoridades”.  

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