Congresso reage à fala de Haddad sobre política fiscal
Em meio ao embate sobre desoneração da folha de pagamento, Pacheco se pronunciou nas redes enquanto Lira entrou em contato com o ministro
Uma entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao jornal Folha de S. Paulo publicada no sábado (27) repercutiu bastante no Congresso Nacional no início da semana. Dentre os temas abordados, a questão do posicionamento do parlamento sobre a política fiscal.
“Há não muito tempo, criar despesas e renunciar a receitas eram atos exclusivos do Poder Executivo. O Supremo Tribunal Federal disse que o Parlamento também tem o direito de fazer o mesmo. Mas qual é o desequilíbrio? É que o Executivo tem que respeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal, e o Parlamento, não”, disse Haddad
No mesmo dia, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, emitiu uma nota rebatendo as declarações do ministro. “Uma coisa é ter responsabilidade fiscal, outra bem diferente é exigir do Parlamento adesão integral ao que pensa o Executivo sobre o desenvolvimento do Brasil”, escreveu Pacheco.
Na segunda-feira (29), ao ser questionado pela imprensa sobre a repercussão, o ministro da Fazenda comentou que “tem dado muito resultado o diálogo do governo com o Congresso” e que não teme que atritos com o Congresso prejudiquem aprovações de propostas do governo. A imprensa noticiou que o presidente da Câmara, Arthur Lira, ligou para Haddad após ter estranhado o título da matéria que apontou que o governo deveria se acostumar com a extrema-direita, pois há um longo inverno pela frente.
A entrevista para a jornalista Mônica Bergamo foi realizada na quinta-feira (25), quando o ministro do STF Cristiano Zanin, atendendo a pedido da AGU, suspendeu os efeitos da lei que prorrogou a desoneração de 17 setores econômicos e reduziu a oneração da folha de pagamento de municípios menores. O julgamento da liminar em plenário virtual foi suspenso por pedido de vista de Luiz Fux. Nesta semana, Haddad segue apontando que a manutenção da folha de pagamento traz o risco de uma nova reforma da Previdência em três anos.