A Fitch Ratings rebaixa a América em função da ‘erosão da governança’, deixando Washington indignada. A nota caiu de AAA para AA+

Uma nota ruim para a Casa Branca. Na quarta-feira, 2, a Fitch Ratings, uma das três maiores agências de classificação de risco de crédito do mundo, mostrou que a meca do capitalismo precisa se esforçar mais. Ela rebaixou a nota dos Estados Unidos de sua classificação triplo A, rebaixando-a para um simples AA+. Pode parecer pouco. Mas a decisão coloca a América na mesma situação que empresas da Nova Zelândia, Áustria e Canadá, e abaixo de países como Dinamarca e Luxemburgo. A reação foi imediata.

A Casa Branca ficou indignada. Em nota,  o governo Joe Biden reagiu com raiva, enviando um comunicado citando especialistas chamando a decisão de “absurda” e “amplamente e corretamente ridicularizada”. “Desafia a realidade rebaixar os Estados Unidos em um momento em que o presidente Biden entregou a recuperação mais forte de qualquer grande economia do mundo”, disse Karine Jean-Pierre, secretária de imprensa da Casa Branca.

Mas qual o motivo para isso? O ambiente econômico. Se o Brasil ganhou uma nota boa, há duas semanas, os sinais vindos de Washington elevaram a preocupação quanto aos riscos da segunda maior economia do planeta. O crescente endividamento do governo Biden levou a Fitch a acender um sinalzinho de piora no qiadro geral, por conta do impasse do teto da dívida. Isso mostra o que a agência classifica como “uma deterioração constante nos padrões de governança nos últimos 20 anos”.

O jornal britânico Financial Times, o mais influente para o mercado global, foi sintético. O downgrade na classificação reflete a deterioração fiscal esperada nos próximos três anos, um alto e crescente fardo da dívida do governo geral e a erosão da governança em relação aos pares classificados como ‘AA’ e ‘AAA’ nas últimas duas décadas, que se manifestou em repetidas avanços sobre o limite da dívida e resoluções de última hora.

Na visão da Fitch, houve uma deterioração constante nos padrões de governança nos últimos 20 anos, incluindo questões fiscais e de dívida, apesar do acordo bipartidário de junho para suspender o limite da dívida até janeiro de 2025. Os repetidos impasses políticos de limite da dívida e as resoluções de última hora corroeram a confiança na gestão fiscal.

Além disso, o governo não tem uma estrutura fiscal de médio prazo, ao contrário da maioria dos outros países, e tem um processo orçamentário complexo. Esses fatores, juntamente com vários choques econômicos, bem como cortes de impostos e novas iniciativas de gastos, contribuíram para sucessivos aumentos da dívida na última década. Além disso, houve apenas um progresso limitado no enfrentamento de desafios de médio prazo relacionados ao aumento dos custos da previdência social e do Medicare devido ao envelhecimento da população. •

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