Trump se complica mais
Ex-presidente precisou depor perante o FBI, se mantém calado, mas está encrencado. Inventário divulgado pela Justiça indica que pesam suspeitas contra o empresário por crimes graves contra a segurança nacional
A situação do 35º presidente dos Estados Unidos não está nada boa. Apesar de se dizer perseguido pelo governo Joe Biden, Donald Trump está envolvido em ilegalidades que podem acabar levando-o para a prisão. Ele deve enfrentar ações legais por ter levado documentos oficiais da Casa Branca considerados sigilosos para a sua mansão particular em Mar-a-Lago, na Flórida. Por enquanto, o ex-presidente não foi acusado de nenhum crime pela Justiça.
Na quarta, 10, ao prestar depoimento diante da procuradora-geral de Nova York, invocou a Quinta Emenda e se recusou a responder a quaisquer perguntas. “Sob o conselho de meu advogado e por todas as razões acima, recusei-me a responder às perguntas sobre os direitos e privilégios concedidos a todos os cidadãos sob a Constituição dos Estados Unidos”, disse.
De acordo com um inventário divulgado na sexta, Trump detinha em sua casa documentos secretos e ultrassecretos. Um mandado de busca autorizou agentes do FBI a apreender materiais na sua residência para investigar crimes relacionados à Lei de Espionagem, que proíbe a retenção não autorizada de informações de segurança nacional que possam prejudicar os EUA. Além disso, Trump também pode ter violado uma lei que proíbe o mau uso de documentos oficiais — a regra proíbe ocultação ou destruição de papéis.
As explicações de Trump foram mudando à medida que o cerco ia se fechando contra si em torno deste caso dos documentos classificados. Primeiro, disse que estava “trabalhando e cooperando” com agentes do governo que haviam entrado inapropriadamente em sua casa. Ele ainda se queixou de que os agentes federais levaram seus passaportes.
Então, quando o governo revelou que o FBI, durante a busca, havia recuperado quase uma dúzia de documentos marcados como confidenciais, sugeriu que os agentes haviam plantado evidências. Agora, assessores alegam que Trump tinha “ordem permanente” para desclassificar documentos que saíam do Salão Oval para sua residência. E insistem que parte do material estava protegido por sigilo advogado-cliente e executivo.
O FBI recuperou 11 conjuntos de documentos classificados. Alguns estavam marcados como ultrassecretos e deveriam estar disponíveis apenas em instalações especiais do governo, de acordo com um mandado de busca divulgado por um agente.
Os agentes do FBI levaram cerca de 20 caixas de itens, pastas de fotos, uma nota manuscrita e a concessão executiva de clemência para o aliado de Trump, seu ex-assessor e conselheiro Roger Stone. Também foram incluídas na lista informações sobre o “Presidente da França”, de acordo com a informação revelada pela Justiça. A lista está contida em um documento de sete páginas que também inclui o mandado de busca nas instalações que foi concedido por um juiz federal na Flórida.
No domingo, 14, integrantes do Partido Republicano intensificaram os pedidos pela divulgação de um depoimento do FBI mostrando a justificativa para a apreensão de documentos na casa do ex-presidente. O Departamento de Justiça tem uma causa provável para conduzir a busca com base em possíveis violações da Lei de Espionagem dos EUA.
Os republicanos estão pedindo a divulgação de informações mais detalhadas que convenceram um juiz federal a emitir o mandado de busca, que pode mostrar fontes de informação e detalhes sobre a natureza dos documentos e outras informações confidenciais. A publicação é altamente incomum. •