O bafafá que acontecia abaixo do Equador teve uma ajudinha dos irmãos do Norte. Em decisão histórica, a Suprema Corte dos Estados Unidos revogou o direito constitucional ao aborto que vigorava desde 1973. Histórica sim, uma vez que derrubar a jurisprudência no caso conhecido como Roe versus Wade foi um passo atrás na legislação americana e mundial, uma vez que inspirou e estimulou diversas decisões semelhantes ao redor do mundo e, por quase 50 anos, garantiu aborto seguro, legal e assistido para as mulheres norte-americanas ou lá residentes.

No entanto, não se pode dizer que tenha pegado o mundo de  supresa porque a pressão conservadora dos chamados grupos pró-vida, que já sempre teve a simpatia de grupos religiosos reacionários e da direita nos EUA, ganhou fôlego sob a catastrófica passagem de Donald Trump pela Presidência dos EUA.

O impacto da decisão da Suprema Corte, que devolve às entidades federativas dos Estados Unidos o direito de legislar sobre o tema, será enorme, dado que nos estados governados por republicanos, mais conservadores, leis restritivas já estavam prontas, aprovadas, só esperando a decisão da Suprema Corte para entrar em vigor ou avançar mais sobre temas como casamento homoafetivo, entre outras.

E, da mesma maneira que a decisão de 1973 abriu um debate que permitiu que mais de 50 países ao redor do mundo também modificassem suas leis relativas à interrupção provocada da gravidez, a vaga conservadora deve se espalhar. Basta ver o açodamento dos conservadores brasileiros em lançar as bases para limitar o direito ao aborto que, em sua maioria, são admiradores do pior que há nos EUA. E aqui se explica pela possibilidade aberta por essa decisão. •