A polarização está dada
Pesquisas reforçam o cenário eleitoral, com Lula liderando todas as pesquisas. Segundo o Datafolha, 70% dos eleitores já estão decididos sobre em quem vão votar para a Presidência
Neste artigo, trazemos as análises do Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos da Fundação Perseu Abramo (Noppe), da Fundação Perseu Abramo, a partir dos dados das pesquisas mais recentes divulgadas pelos institutos de opinião pública sobre o cenário político econômico brasileiro. Exploramos mais dados do levantamento do Datafolha, divulgado ainda em junho, além de resultados da pesquisa BTG/FSB divulgada na última semana.
Ambos os levantamentos dão indícios de que a polarização segue consolidada para uma parcela significativa dos eleitores. Segundo o Datafolha, 70% dos eleitores já tem certeza de seus votos — número que é de 79% entre os eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de 78% para os eleitores do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). A maior parte dos eleitores do terceiro colocado nas pesquisas, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), pode mudar de opção: 66%.
O cenário é reforçado pela pesquisa da FSB. Segundo o levantamento feito pelo instituto para o banco BTG, 73% dos eleitores afirmam que a decisão do voto está tomada e não será mudada. O número chega a 81% entre os eleitores de Bolsonaro e 79% entre os eleitores de Lula. Mas, para quem vota em Simone Tebet (MDB) e Ciro, os índices são de 54% e 59%, respectivamente, para aqueles que ainda podem mudar de voto.
Segundo o levantamento da FSB, Lula lidera a corrida eleitoral com 43% das intenções de voto, contra 33% de Bolsonaro. Na sequência, Ciro (8%), Tebet (3%), André Janones do Avante (2%) e Pablo Marçal do PROS (1%). Em relação ao último levantamento, todas as variações foram dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais.
Ambas as pesquisas exploraram a percepção dos brasileiros acerca da conjuntura econômica. Segundo o Datafolha, 67% dos eleitores consideram que a economia nacional piorou nos últimos meses. No levantamento da FSB, são 63% os que consideram que a crise hoje se encontra em situação ruim ou muito ruim.
Segundo o Datafolha, 63% da população espera um aumento da inflação no próximo período, 45% esperam o mesmo em relação ao desemprego. A situação econômica pessoal dos entrevistados piorou para 47% e 37% relatam que o dinheiro que ganham não é suficiente, às vezes falta, e 26% relatam ganhar muito pouco, o que traz dificuldades.
Pior: 26% do total dos entrevistados têm acesso a uma quantidade de comida que consideram insuficiente. Entre os que têm renda familiar mensal menor que 2 salários mínimos, 38% afirmam ter quantidade de comida menor que o suficiente em suas casas. A incidência também é maior entre a população que se autodeclara preta (31%), quem reside no Nordeste (32%) e no Norte (30%), os desempregados que procuram emprego (42%), os que não procuram (39%) e donas de casa (38%).
Já a pesquisa BTG/FSB traz os seguintes resultados: 23% dos eleitores consideram que o principal problema do Brasil é a inflação, seguido do desemprego (19%), desigualdade social (16%), impostos (13%) e a miséria (11%).
São 97% os entrevistados que afirmam que os preços de produtos e serviços aumentaram nos últimos três meses. Há expectativa de continuidade no aumento da inflação para 65%. São 34% aqueles que esperam piora na economia brasileira em outubro, enquanto 28% acreditam que ficará como está e 35% esperam melhora.
Cruzando a avaliação da economia hoje e a expectativa para os próximos 3 meses, o instituto afirma que 50% dos brasileiros estão pessimistas tanto com o presente quanto com o futuro, enquanto 14% estão pessimistas hoje e otimistas amanhã. Somente 13% estão otimistas no presente e no futuro. •