CPI para apurar corrupção no MEC
Bancada da oposição consegue 31 assinaturas, quatro acima do necessário, para instalar comissão no Senado e investigar esquemas de Milton Ribeiro e pastores
A oposição no Senado protocolou na terça-feira, 28, requerimento para a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar suspeitas de corrupção no Ministério da Educação. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou que os senadores coletaram 31 assinaturas, quatro a mais do que o necessário para o funcionamento da CPI . O próximo passo será a leitura do requerimento no plenário do Senado, o que deve acontecer nesta semana, para que seja aprovado.
“É um requerimento robusto, mostrando que há um desejo, no Senado, de que esse esquema escandaloso que se instalou no Ministério da Educação, tenha uma séria investigação”, justificou. “As denúncias apontam que o então ministro Milton Ribeiro priorizava amigos de dois pastores a pedido do presidente Jair Bolsonaro, na destinação de verbas públicas afetas ao MEC”, aponta.
Segundo a denúncia da imprensa, em troca da prioridade e da liberação das verbas públicas para construção de escolas e creches, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura cobravam propina dos prefeitos, solicitando pagamentos em dinheiro, em bíblias e até em ouro.
Randolfe citou a investigação conduzida pela Polícia Federal. “É de conhecimento de todos, em áudio do próprio senhor Milton Ribeiro, que o presidente da República interferiu de forma clara para impedir que a investigação avançasse”, disse. “Um crime crime, conforme o Código Penal, de obstrução das investigações e uso de informações privilegiadas”.
Randolfe alertou que o delegado responsável pelo caso, Bruno Calandrini, corre risco de ser afastado das investigações e, por isso, a necessidade da CPI se impõe. “Não há dúvida de que se instalou uma quadrilha no Ministério da Educação. Os indícios são fortes, de que o esquema dessa quadrilha chega até o Palácio do Planalto”, disse Randolfe, citando como exemplo de interferência o fato de que que até o momento o celular de Ribeiro não foi entregue para ser periciado.
“Essa CPI não é eleitoral, não é antievangélico, ao contrário. Ela é antieleitoreira e pró-evangélicos”, anunciou o líder da Minoria, Jean Paul Prates (PT-RN). “Tanto na área da saúde quanto na educação, esse governo constituiu canais paralelos, gabinetes. Isso ficou claro na primeira CPI [da Covid], e agora, mais uma vez, os indícios são os mesmos”, observou. “São estelionatários que têm dentro do governo corruptos, e aliciadores do orçamento público. É isso que se quer investigar”. • Agência PT