O ciclo infernal em que se meteu a economia brasileira pelas mãos do ministro Paulo Guedes fez o país retomar o topo da lista de países que cobram os juros reais — descontada a inflação — mais altos do mundo. Na lista da consultoria Infinity Asset, os juros reais no país chegaram a 6,69% ao ano. Com isso, o Brasil reconquistou a “coroa” perdida para a Rússia em março.

Agora, o patamar brasileiro está quase cinco vezes acima do registrado na Rússia (1,36%), que em março elevou para 20% a taxa nominal de juros para conter a desvalorização de sua moeda, o rublo, após as sanções pelo conflito no Leste Europeu. O Brasil não está em guerra, mas a nação que tem Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto e Guedes como ministro da Economia nem precisa de guerra para que sua economia naufrague.

A insistência do Banco Central em manter a alta contínua da Selic, na prática, protege os investimentos dos mais ricos enquanto produz maior insegurança econômica para trabalhadores e micro e pequenos empresários. O número de desempregados estacionado em 12 milhões de pessoas desde o fim de 2021 é uma prova disso. E há outros efeitos nefastos para a economia popular

No início de maio, o Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) para 12,75% ao ano. Foi o décimo aumento seguido de uma trajetória de alta iniciada em março do ano passado. E sem resultados. Desde o início de 2022, a Selic disputa com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, que indicador chegará antes aos 13% ao ano – e continuará subindo. •